São Paulo, domingo, 13 de abril de 1997
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Informais escapam de dívida, diz pesquisa

SIMONE CAVALCANTI
FREE-LANCE PARA A FOLHA

Considerada a válvula de escape para o desemprego, a economia informal no Brasil segue uma tendência mundial de crescimento.
Para comprovar isso, o Ibase (Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas), em parceria com o Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas), realizou a pesquisa "Informalidade e Cidadania", que será lançada no próximo dia 16, no Rio de Janeiro. No município, a maioria das empresas informais não tem dívidas, funcionam há, pelo menos, dois anos, e seus donos têm o ciclo escolar básico ou formou-se no segundo grau.
Segundo o IBGE, a informalidade no Brasil atinge 40% da População Economicamente Ativa (PEA). Pelo Ibase, estima-se que existam 444 mil empreendimentos informais.
A pesquisa aponta alguns dos principais motivos para esse crescimento: dos entrevistados, 43% montaram um negócio porque viram oportunidade de lucro.
O desemprego responde por 29% desses negócios no Rio, enquanto a insatisfação com o trabalho atual fica logo atrás (28%).
Mas o que é considerado informalidade? Segundo André Urani, 37, secretário especial do Trabalho da Prefeitura do Rio, todas as pessoas que têm uma ocupação sem carteira assinada são informais.
Autônomos e estabelecimentos com menos de cinco funcionários são considerados informais. Nesse caso, a informalidade se refere ao funcionamento e não ao status legal da empresa.
A pesquisa também aponta os motivos da não-formalização. Impostos altos são a causa para 34%. Para 32%, é o faturamento muito baixo; 31% desconhece os meios para a formalização; 12% diz que há muita burocracia; e 11% não acredita que os encargos pagos serão revertidos em benefícios.
Longa jornada
Na opinião de Urani, as pessoas -principalmente as com pouca escolaridade ou qualificação- sabem que têm pouca chance de arrumar emprego formal.
Segundo o levantamento, 22,4% completaram o ciclo escolar básico (até a 4ª série do primeiro grau), enquanto 56,1% concluíram o segundo grau. Apenas 21,4% têm o superior incompleto ou mais.
A maioria relativa das empresas tem até dois anos de funcionamento (43%) e está no setor do comércio (32,7%), que é a área onde a informalidade mais cresce: 72,5% dessas empresas têm menos de cinco anos de atividade.
O comércio é o setor, junto com a indústria, que tem a menor receita (69,7% faturam até R$ 800 por mês). Destaca-se ainda o setor de alimentação, com 45% das empresas, seguido do de confecções (35%).
Mas, para se manter no mercado, os empreendedores cumprem uma jornada de trabalho maior do que a normal: cerca de 10 horas e 30 minutos, de seis a sete dias por semana.

Colaborou José Roberto de Toledo, da Reportagem Local

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