São Paulo, domingo, 13 de abril de 1997
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Chuteiras ameaçam anfitriões da Copa

MARTA AVANCINI
DE PARIS

Uma polêmica em torno do fornecimento de chuteiras pode deixar de fora dos gramados as principais estrelas do futebol francês durante a Copa do Mundo de 98.
Um grupo de jogadores liderado por Didier Deschamps, capitão da seleção da França, está negociando junto à Federação Francesa de Futebol a liberação das marcas de chuteiras usadas pelos atletas em jogos oficiais.
A reivindicação contraria os interesses da federação, que mantém um contrato de exclusividade com a Adidas.
A empresa fornece as chuteiras para os jogos em que a França é representada, como é o caso da Copa do Mundo.
Os atletas, por sua vez, querem garantir o cumprimento dos contratos que eles mantêm individualmente com determinadas marcas.
Deschamps, por exemplo, tem contrato com a Puma. Laurent Blanc representa a Nike.
Há pelo menos outros nove atletas que costumam ser convocados para a seleção francesa na mesma condição.
Em protesto contra as normas da federação francesa, Deschamps e Blanc esconderam, com fita colante preta, as três listras brancas que caracterizam a marca Adidas de suas chuteiras no amistoso contra a Suécia, realizado em março.
"Os jogadores querem garantir seus direitos. Não me surpreenderia se alguns deixassem de atender às convocações", disse à Folha Philippe Piat, presidente da União Nacional dos Jogadores Profissionais de Futebol.
Estudo
Os dirigentes da Federação Francesa de Futebol não quiseram comentar o caso. Eles estão estudando o pedido e devem divulgar uma resposta oficial em 25 de abril.
Para o diretor do Centro de Direito e Economia Esportiva de Limoges (França), Jean-Pierre Karaquillo, a reivindicação dos atletas não tem amparo legal. "Existe uma diferença entre a imagem pública e privada dos atletas. Quando participam da seleção francesa, por exemplo, é a imagem pública que está em questão", disse Karaquillo à Folha.
Segundo a lei francesa, toda ação publicitária envolvendo a imagem privada dos atletas em situações oficiais depende de aprovação da federação, da Liga Nacional de Futebol e da união dos jogadores.
A garantia dos direitos individuais dos jogadores visa, no fundo, um objetivo lucrativo.
"O problema é financeiro. Os ganhos com esses contratos não são desprezíveis", disse Piat.
Segundo ele, os ganhos com publicidade chegam a representar dois meses de trabalho.
Isso pode significar cerca de US$ 260 mil ao ano, no caso de um atleta que atua na Itália.

Texto Anterior: Roberto Carlos sofre ato racista na Espanha; Maradona nega novo problema com drogas; Cruzeiro bate Sporting Cristal na Libertadores
Próximo Texto: Problema na lei francesa criou a polêmica
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.