São Paulo, domingo, 13 de abril de 1997
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O passo que falta

JUCA KFOURI

Feito o belo acordo com a TV, o Clube dos 13 precisa caminhar, olhar para frente.
Nascido em 1987 ao dispensar a CBF para organizar a bem-sucedida Copa União -em sociedade com a rede Globo, Coca-Cola e Varig-, logo depois a entidade se perdeu e permitiu que a CBF voltasse a desmandar. Foram anos de hibernação.
Só agora o Clube dos 13 retomou algo de seu vigor inicial, ao pegar para si a incumbência de negociar com as TVs.
E, não por acaso, ao agir com transparência, obteve um acordo muito compensador.
Mas criou problemas com o chamado Clube dos 11 que, com alguma razão, reclama de ficar fora das benesses da TV e de não ter conseguido aprovar a proposta de que as rendas dos jogos devem ser dos clubes mandantes.
Faz sentido, embora signifique uma meia verdade.
Porque se é verdade que cada clube deva ter meios para motivar sua torcida a comparecer aos seus jogos em casa, não é menos verdade que é muito mais fácil para o União São João mobilizar Araras para ver o Flamengo, que o Flamengo motivar o Rio de Janeiro para ver o União.
Por tudo isso a hora é de andar para frente, na direção da liga nacional de clubes profissionais, como se fez em boa parte da Europa.
Uma liga que permita um novo arranjo, baseado sempre no critério da competência, embora com a garantia de que quem for tecnicamente bem-sucedido, e tiver massa atrás de si, mereça tratamento diferenciado.
É evidente que o tempo dos privilégios está chegando ao fim. Não basta ser grande, é preciso provar a grandeza a cada ano -e o caso do Fluminense está aí para demonstrar o que isso significa.
Basta ver, por exemplo, que entre os oito classificados para as quartas-de-final da Copa do Brasil, nada menos que três- Vitória, Atlético-PR e Ceará- não são do Clube dos 13, e dois deles, o baiano e o paranaense, são clubes em franca ascensão.
Ao retomar o espírito reformador que o inspirou, o Clube dos 13 precisa dar o passo que falta. E já.
Não por mera generosidade, mas para demonstrar que não está olhando apenas para o próprio umbigo e, sim, para o próximo milênio.
Para um futuro bem próximo que pode ser melhor para todos, inclusive para os 13 clubes que o fundaram há dez anos.
A hora é de avançar.

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