São Paulo, domingo, 13 de abril de 1997
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Adesão ao euro é prioridade para Espanha

PAULO HENRIQUE BRAGA
DO ENVIADO ESPECIAL

O primeiro-ministro José María Aznar diz que a Espanha vai estar entre os países que adotarão a moeda única européia, o euro, já em janeiro de 1999.
Desde o início do governo, a adequação do país às exigências de inflação e déficit público baixos, além de controle cambial, têm sido prioridade.
"Toda a política do governo está orientada em direção a esse objetivo", diz Aznar. Outra prova de que a entrada da Espanha no euro é prioritária é que Aznar não hesitou em tomar medidas impopulares para segurar o déficit público.
Pouco depois do início de seu governo, os salários do funcionalismo público foram congelados.
A Espanha pretende ajustar a economia para cumprir a meta de um déficit de 3% do PIB (soma dos bens e serviços produzidos no país durante o ano) em 1997.
No último dia 6, o governo anunciou um ambicioso plano para reduzir ainda mais o déficit público e aumentar o crescimento econômico até o ano 2000.
As metas são passar de um crescimento de 2,2% no ano passado para uma média de 3,2% nos próximos três anos. A intenção também é reduzir o déficit para 1,6% do PIB em 2000.
A estratégia de liderar o esforço de aproximação com os países ibero-americanos também pode ser interpretada como uma tentativa de a Espanha ganhar mais força política dentro da União Européia.
A UE quer estreitar seus laços com a América Latina antes que o Nafta, bloco comercial que reúne EUA, México e Canadá, o faça.
Reforma trabalhista O principal problema espanhol para se adequar aos critérios do Tratado de Maastricht é a alta taxa de desemprego: o índice registrado em março foi de 13,89%.
Uma mudança interna que deixa Aznar otimista em relação ao problema é a reforma trabalhista, definida na semana passada em um acordo entre empresários e sindicatos espanhóis.
"No espaço de um ano, este governo conseguiu transformar o sistema de pensões e um acordo para reformar o mercado de trabalho", diz o primeiro-ministro.
O acordo permite que as empresas possam demitir funcionários pagando indenizações menores.
Os sindicatos acabaram concordando com a mudança, teoricamente desvantajosa para os trabalhadores do país.
O alto custo dos demissões acabou fazendo com que as empresas optassem, sempre que possível, por contratos de trabalho temporários. Consequentemente, em épocas de êxito econômico não havia um crescimento sustentável do número de empregos.
Atualmente, 34% de todos os trabalhadores espanhóis estão contratados em regime temporário. Apenas 4% dos contratos de trabalho assinados nos últimos três anos na Espanha são de caráter efetivo.
O acordo foi fechado depois de um ano e três meses de negociações, sem interferência do governo nem choques graves, como greves, entre empresários e trabalhadores. O texto deve ser submetido ao Parlamento, onde a aprovação é tida como certa.
Os méritos da reforma foram reconhecidos até pelo ex-primeiro-ministro socialista Felipe González. Dos partidos de oposição, apenas a Esquerda Unida se manifestou contra as novas medidas.
A expectativa é que as modificações na legislação trabalhista estimulem a diminuição do desemprego e do déficit público.

O déficit público tem de ser de 3% do Produto Interno Bruto para a Espanha poder aderir à moeda única européia, o euro, cujo lançamento está previsto para 1999

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