São Paulo, domingo, 13 de abril de 1997
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a agressividade na criança

FRANCISCO B. ASSUMPÇÃO JR.

Embora falemos diariamente que vivemos em uma sociedade agressiva, que é preciso agressividade nos negócios, que alguém bem-sucedido tem uma postura agressiva diante da vida, quando nos deparamos com aquele filho ainda de pouca idade que nos desafia, enfrenta e agride, muitas vezes fisicamente, entramos em pânico e ficamos achando que deve haver algum problema maior.
A agressividade é um comportamento muito frequente. É provavelmente um daqueles que constitui a própria espécie humana, embora seja difícil podermos diferenciar aquilo que é de base biológica daquilo que é fornecido pela cultura e pelo ambiente.
Na criança, a agressividade surge como resposta a frustrações, carência afetiva ou sentimentos de perigo e ameaça permanentes. E varia de acordo com a idade e condições nas quais surge.
Por exemplo, um filho que nunca teve limites, ao receber negativas dos pais -um presente que não pode ganhar-, não aceita e passa a agredi-los.
Por isso, os pais devem se preocupar em estabelecer limites e padrões de certo e errado desde os primeiros meses de vida do filho.
Também pode surgir agressividade na criança nos quadros de grave comprometimento intelectual ou psicopatológico.
Nesses casos ou quando o comportamento agressivo provoca sofrimento, é melhor procurar recursos especializados.
A agressividade com o outro pode ser visualizada na destruição de objetos, mau rendimento escolar, roubos, violência contra pessoas próximas, hostilidade difusa e outras condutas anti-sociais.
Entretanto, atos que levam à morte, suicídio ou homicídio, são bastante raros antes da adolescência. Assim, na maioria das vezes, a agressividade fica restrita àquelas condutas mais banais que, muitas vezes, são o pesadelo dos pais e dos professores.
Para serem abordadas, requerem a compreensão do universo da criança e suas vivências pessoais, sociais e, principalmente, familiares. Na maioria dos casos, a alteração dos padrões relacionais da família interferem diretamente na expressão desses comportamentos.
Porém, não se culpe. Procure, isso sim, olhar seu filho e, ainda que com o auxílio de um profissional, você poderá com certeza ajudá-lo.
(Diretor do serviço de psiquiatria infantil do Hospital das Clínicas)

Perguntas para a seção "Pais e Filhos" devem ser enviadas por carta ou fax, com nome completo, idade e profissão, para Revista da Folha, al. Barão de Limeiria, 425, 8.o andar, Campos Elíseos, CEP 01290-900, São Paulo. Fax (011) 224-4261.

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