São Paulo, domingo, 13 de abril de 1997
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Nordeste selvagem

FABIANA HORNOS

Parque Nacional de Lençóis Maranhenses tem dunas e lagoas de tirar o fôlego
O litoral do Maranhão ainda tem muito o que esconder por trás de suas dunas e lagoas. Chegar ao Parque Nacional de Lençóis Maranhenses, por exemplo, é uma aventura.
São 337 km de São Luís, capital maranhense, até Barreirinhas, porta de entrada para o parque. A viagem não demora menos de 11 horas numa caminhonete, que passa por dezenas de vilas escondidas.
Barreirinhas, vilarejo à beira do rio Preguiças, seria mais uma dessas cidadezinhas escondidas, não fosse ela o ponto de acesso ao Parque. São pouquíssimos os lugares para se hospedar por lá.
Uma dica é a Pousada Giltur, que oferece, além da estadia, um guia que leva os viajantes para conhecer dunas, lagoas e alguns lugarejos que beiram o rio. O cenário é de tirar o fôlego: um grande deserto branco cravejado de oásis.
O Parque Nacional dos Lençóis Maranhenses tem uma área de 155 mil hectares de dunas altíssimas e lagoas que se formam na época de chuvas. Algumas delas são permanentes e não secam nunca, nem mesmo no verão, quando a temperatura média é de quase 40°C todos os dias.
Para conhecer a mais famosa dessas lagoas permanentes, a Lagoa Azul, é preciso uma canoa para atravessar o rio Preguiças, uma Toyota com um motorista local capaz de percorrer uma difícil trilha de areias fofas sem atolar e ainda caminhar por alguns minutos pelas dunas até encontrar uma magnífica piscina natural de águas frescas.
É navegando o Preguiças que se descobrem alguns paraísos perdidos dentro do deserto maranhense, como Vassouras (conjunto de dunas móveis), Rio Novo, Caburé e Mandacaru.
Cabanas abandonadas
Caburé é um povoado de poucos pescadores, onde cabanas de palha (vinda da carnaúba) salpicam as areias entre o mar e o rio. Quem quiser se aventurar e pernoitar por lá pode escolher uma das cabanas abandonadas e armar sua rede para dormir.
Mandacaru fica a poucos quilômetros de barco de Caburé. Há um farol, construído em 1940, que mede cerca de 70 metros e que tem uma vista panorâmica do encontro do mar com o rio. Visto do alto, esse vilarejo parece uma pintura muito colorida.
Pobreza e beleza no Parnaíba
Os estados do Maranhão e do Piauí se unem pelo Delta do Parnaíba, o maior e o único a mar aberto das Américas, que tem 2.700 km2 e cinco braços.
As dificuldades sociais e econômicas vividas pela população local, onde a principal atividade é a pesca, mantiveram a região preservada. No passado, Parnaíba já teve seus dias de riqueza com a exportação de cera de carnaúba, árvore que é inteiramente aproveitada (da sua raiz se extrai remédio, de sua madeira se faz cercas, postes e casas e, da sua palha, a cera).
Para conhecer o delta, a melhor opção é viajar num barco de linha, que sai de Tutóia (MA) e chega em Parnaíba (PI) após sete horas. Nesse percurso o barco faz algumas paradas em vilas como Água Doce e Carnaubeira, que ficam à beira do rio de águas salubres. Passageiros desembarcam e embarcam numa grande algazarra: os que vão seguir a longa jornada armam suas redes no vão do segundo andar do barco e se acomodam para ver a paisagem -mangues, campos de carnaúbas, dunas e florestas primárias.
Diversão garantida é a parada durante o percurso para o embarque de dezenas e dezenas dos mais psicodélicos caranguejos do mangue, exibindo suas cores que variam do roxo ao vermelho cintilante. Esses caranguejos, ricos em proteínas, são uma das principais fontes de alimentação da população local.
Há muita vida às margens dos rios que formam o delta. Entre as raízes aéreas do mangue escondem-se insetos, caranguejos, peixes e várias espécies de aves.
É incrível o número de riozinhos, igarapés, filetes de água e vilarejos que se encontram no delta. O comandante do barco, que há mais de dez anos navega por essa região, disse que nem ele conhece direito todos os caminhos do Delta do Parnaíba e suas mais de 80 ilhas.

ACESSO O preço da passagem de ida e volta São Paulo-São Luís custa R$ 975,30 pela Transbrasil ou Varig, até 19 de maio. Para ir de São Luís a Barreirinhas (337 km), é possível ir de ônibus (de 6 a 8 horas: R$ 60 por pessoa a ida e a volta) ou alugar um bimotor (45 min.: R$ 270 por pessoa a ida e a volta).

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