São Paulo, domingo, 13 de abril de 1997
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Restrição faz vendas crescerem

Comprador teme falta de produto

DA REPORTAGEM LOCAL

Otávio Piva de Albuquerque, 44, dono do Empório Santa Maria, que vende bebidas e alimentos, acredita que as medidas de restrições às importações têm pontos positivos e negativos.
"Os grandes fornecedores estão concedendo prazos superiores a 360 dias para pagamento. Mas os pequenos não querem mais vender para o mercado brasileiro."
O aspecto positivo é o aumento das vendas. "Com medo de não encontrarem determinado produto, as pessoas compram mais."
Segundo ele, a elevação varia de 20% a 25%, dependendo do item.
Albuquerque diz estar negociando prazos com os fornecedores, mas pagamento à vista é "a última" opção. "As empresas me davam 120 dias para pagar. Agora, perdi o giro por quatro meses."
Para absorver às mudanças, o empório está mudando as técnicas de logística para manter o atendimento. "Tivemos de reorganizar a casa para ganhar eficiência."
Ednaldo Mendes Barbosa, 39, sócio da Purchase Order (importadora de escapamentos, catalisadores e máquinas para limpeza industrial), não está tão otimista assim. "Temos um desencaixe de dinheiro antecipado." Ele, que fazia compras com prazos de pagamento entre 90 e 120 dias, agora deverá depositar o dinheiro no Banco Central quando os produtos chegarem ao Brasil.
Barbosa, que compra US$ 300 mil ao mês, diz que terá de repensar os volumes importados.
Fim à especulação
José Roberto de Araújo Cunha, 44, gerente de comércio exterior do Sebrae-SP, diz que as restrições atingirão 60% das importações.
"As medidas devem eliminar do mercado quem estava importando para especular", diz Cunha.
Apesar de otimista com as medidas, Mauro Strengerowski, diretor da Opeco, acha que elas são "uma faca de dois gumes".
"Ao mesmo tempo em que expurgam pequenos empresários do mercado, as medidas podem estimular o contrabando." Ele explica: "Como até março as empresas podiam comprar no exterior, vender no Brasil, aplicar o dinheiro no mercado financeiro por preços até menores que os de custo e, depois, fazer o pagamento, a saída para alguns será driblar as normas. Como? Contrabandeando".

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