São Paulo, segunda-feira, 14 de abril de 1997
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Maluf faz discurso religioso e chora

CARLOS EDUARDO ALVES
DA REPORTAGEM LOCAL

O ex-prefeito Paulo Maluf (PPB) apelou para o discurso religioso, chorou e saiu aplaudido ontem da convenção do PPB paulista.
Para a platéia de cerca de 2 mil pessoas, Maluf iniciou seu discurso dizendo que "todos respeitam a cristandade" e lembrou a transitoriedade da vida.
Em seguida, citou todos os cargos públicos que ocupou, algumas obras realizadas e, de repente, se emocionou.
"Política se faz com amor", disse Maluf com a voz embargada, antes de pegar um lenço para secar uma lágrima solitária. O tom humilde ganhou corpo com a admissão implícita de que seu projeto está ameaçado. "A vida pública é como uma montanha russa. Às vezes estamos em cima e às vezes estamos embaixo", afirmou.
O politicamente correto também teve vez no discurso de Maluf. "Trouxe um irmão afro de cor para ser prefeito", declarou, referindo-se ao prefeito Celso Pitta, seu afilhado político.
A "sessão ternura" só foi interrompida com uma rápida provocação ao PSDB do presidente Fernando Henrique Cardoso, a quem Maluf atribui as dificuldades causadas a Pitta pela CPI dos Precatórios.
Depois de enumerar os partidos mais votados nas últimas eleições municipais, o ex-prefeito disparou: "O PSDB foi o grande derrotado nas capitais".
Assim como fez no dia anterior, Maluf procurou evitar a imprensa. Em rapidíssima entrevista que não pôde ser evitada pela sua numerosa equipe de segurança, fez a defesa de Pitta.
"Tenho certeza que Celso Pitta é um homem de bem, honrado", repetiu três vezes. Depois, disse que não se referiu à CPI no discurso por estar num ato partidário e que o caso já estava sendo investigado pela CPI do Senado.
Maluf não quis responder se considerava correto um homem público aceitar uma cortesia de empresa, como o prefeito Pitta alegou ter feito no caso do aluguel de um carro para sua mulher, Nicéa.
O senador Epitácio Cafeteira (PPB-MA), líder da bancada do partido no Senado, comprometeu os políticos ao defender Pitta no episódio do aluguel do carro. "Pitta preferiu alugar um carro quando qualquer político usa o carro da repartição", afirmou. Para ele, a atitude de Pitta deveria gerar elogios.
Pitta
Personagem secundário na adoração da claque por Maluf, Pitta mencionou a CPI em seu discurso. "Os adversários queriam que ficássemos paralisados com a situação adversa dessa CPI", declarou para argumentar que a administração paulistana não está parada.
O ex-deputado Marcelino Romano Machado foi escolhido por Maluf para presidir o PPB paulista, em substituição ao deputado Vadão Gomes.
Machado é acusado de ser funcionário "fantasma" da Assembléia Legislativa de São Paulo, o que é negado por ele e por Maluf.

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