São Paulo, segunda-feira, 14 de abril de 1997
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CNBB acusa governo de comprar votos e de não cumprir metas

LUIS HENRIQUE AMARAL
ENVIADO ESPECIAL A ITAICI (SP)

Documento de órgão da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil), discutido sábado durante a 35ª Assembléia Geral da entidade, acusa o governo de Fernando Henrique Cardoso de "corrupção" no processo de votação da emenda da reeleição.
"Há uma verdadeira compra de votos de parlamentares, através de oferta de cargos, de favores, de obras públicas, de isenções fiscais, anistias de dívida e socorro a instituições financeiras. Trata-se de uma prática evidente de corrupção ativa por parte do governo, que oferece bens em troca de votos", diz trecho do documento.
O texto afirma também que "os parlamentares que votam assim não votam com independência, nem pensando nos interesses do país: são corrompidos".
O documento, entitulado "Análise da Conjuntura Sócio-Econômica-Política Brasileira, foi preparado pelo Ibrades (Instituto Brasileiro de Desenvolvimento Social), órgão da CNBB.
Trata-se de um subsídio para os bispos discutirem a conjuntura do país, e não um pronunciamento da CNBB. O texto servirá de base para um pronunciamento oficial da entidade sobre "a questão social" no final da assembléia.
O estudo do Ibrades ainda acusa o governo de não cumprir as metas sociais prometidas na campanha eleitoral.
"O governo atual foi eleito defendendo um programa social: os cinco dedos da mão representavam a educação, a saúde, o emprego, a agricultura e a segurança. São exatamente estas áreas onde o Estado menos tem investido nos últimos dois anos", diz o documento.
Sobre o setor agrícola, o documento afirma que o governo tem renegociado "sucessivas" vezes a dívida dos grande proprietários. "Mas os pequenos proprietários, os camponeses pobres, os sem-terra, estes não têm plena atenção, a não ser da repressão policial e judicial", completa.
O documento afirma que a área da saúde é a mais "alarmante". "Conforme revelam os dados do próprio Ministério da Saúde, os gastos per capita em saúde caíram 7,6% em 96."
O documento analisa ainda o que chama de uma "evidente hipertrofia do Poder Executivo". Afirma que o governo "se apropria" do Legislativo pelo excesso de medidas provisórias.

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