São Paulo, segunda-feira, 14 de abril de 1997 |
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'Acareação' pode mudar cúpula da PM
CRISPIM ALVES
Com os depoimentos, à CPI de Diadema da Assembléia Legislativa, será possível esclarecer até a que ponto do comando da PM chegou a informação sobre o conteúdo da fita com as cenas de violência policial na favela Naval e, assim, quem deixou de relatar ao comandante-geral, ao secretário da Segurança e ao governador Mário Covas a existência do vídeo. Yanaguita disse à CPI do Crime Organizado que tinha conhecimento da fita no dia 27 de março, quatro dias antes de ela ir ao ar pela TV. Ele afirmou que repassou a informação ao subcomandante Costa, que nega. Yanaguita afirmou ter sido informado pelo coronel Leuces André Pires de Moraes, chefe do Estado-Maior do CPM (Comando de Policiamento Metropolitano), que também pode ser afastado. Na última sexta-feira, o governador Mário Covas deixou claro que poderá afastar mais oficiais caso fique comprovado que eles tinham conhecimento do vídeo. "Se o caso é o mesmo (dos oficiais já afastados), é muito provável que ele (Yanaguita) seja afastado", disse. Ontem, o comandante-geral da PM, Claudionor Lisboa, reforçou as declarações de Covas e afirmou que poderá afastar Yanaguita. Ele determinou ainda a abertura de uma sindicância para apurar quem mais sabia da fita. Quando o episódio de Diadema veio à tona, a primeira medida do quartel-general da PM foi afastar de seus postos o corregedor da corporação, o comandante do ABCD, o comandante e o subcomandante de Diadema e o comandante da companhia à qual pertenciam os policiais espancadores. A razão, à época: eles sabiam da fita e não teriam avisado o comando geral. Na verdade, descobriu-se mais tarde que eles comunicaram o fato aos seus superiores. O mesmo critério, no entanto, não foi utilizado ainda nos casos de Yanaguita, Costa e Moraes, o que deixou parte da cúpula da PM insatisfeita. Esse grupo é formado por oficiais que não apóiam a atuação do comandante-geral da PM. O episódio de Diadema atrapalhou quase todos os planos do comando geral da PM. Segundo avaliação feita por oficiais consultados pela Folha, a PM está parada, aguardando as definições que devem ocorrer depois de amanhã. O remanejamento de 12 a 15 coronéis, que estava previsto para acontecer no início deste mês, ainda não saiu do papel. As mudanças que Lisboa anunciou para evitar que casos como o de Diadema voltassem a se repetir ainda não aconteceram. Lisboa negou que o caso da favela Naval tenha paralisado a PM. Próximo Texto: Lisboa abre sindicância interna Índice |
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