São Paulo, segunda-feira, 14 de abril de 1997
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Corinthians confunde os arcos e as flechas

ALBERTO HELENA JR.
DA EQUIPE DE ARTICULISTAS

Tudo bem: o América é lanterninha, é isso, é aquilo. Mas o fato é que o Corinthians, ontem, meteu 5 a 0 no adversário e desperdiçou mais uma quantidade igual de chances.
Em parte, claro, pela fragilidade do adversário. Mas, principalmente, porque o Corinthians, afinal, tem o arco e a flecha. Ou os arcos e as flechas, que, às vezes, se confundem.
Por exemplo: Marcelinho é arco e flecha, dependendo de onde esteja na concepção da jogada. Se na frente, é veneno puro; se atrás, puro engenho.
Mas é a velocidade incontrolável, apoiada em rara versatilidade, dessa dupla Donizete-Mirandinha que torna esse Corinthians um sério candidato ao título.
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Esse, porém, não é o caso do São Paulo, que ontem empatou de 3 a 3 com o Guarani, no Morumbi, um jogo que esteve aos seus pés e que quase termina em desastre, com a virada do inimigo e o empate alcançado no último instante.
Veloz, no ataque, até que o São Paulo tem sido. Mas, quando o é lá na frente, aqui atrás, entra em "slow".
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Pode ser que esse Palmeiras não chegue ao título, pode ser. Mesmo porque o Corinthians vem na cola, na velocidade de Donizete e Mirandinha, o que é, no mínimo, muito.
Mas quem viu o Palmeiras, sábado, todo desfalcado, passar impávido pelo Mogi, haverá de ter captado a mensagem: se nos dois jogos anteriores, o Palmeiras estava marcado para perder a longa invencibilidade, desta não escaparia. Não só escapou, como ainda por cima se deu ao luxo de ganhar. São os sinais de um verdadeiro campeão.
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Confesso que sempre admirei a velocidade com que Pernell Withaker esquiva-se dos golpes inimigos e aplica sua esquerda fatal. Mas deplorei na mesma proporção sua absoluta falta de estilo, assim como chega a irritar a irreverente falta de compostura no ringue, um misto de desprezo pelo adversário e de extrema autoconfiança.
Canhoto, perfila-se com a direita à frente, mas abusa do condenável gesto de abaixar-se além da linha da cintura, sem que os juízes, complacentes, nem sequer o advirtam. Quando apertado, agarra-se ao adversário, os joga à lona com empurrões, enfim, joga um boxe feio, embora de técnica apuradíssima. Seus jabs de direita são perfeitos e seus cruzados e diretos de esquerda, fatais.
Por tudo isso, saúdo mais que sua derrota, na madrugada de ontem, a conquista do cinturão por um verdadeiro campeão: o norte-americano Oscar De La Hoya. Esse sim, um campeão da cabeça aos pés, literalmente.
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Quando me preparava para dizer que a Juve é, hoje, o Grêmio da Europa, eis que a Vecchia Signora toma uma biaba da modesta Udinese: 3 a 0.
Mesmo assim, assino: Juventus é o Grêmio da Europa.
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Mengo, decifra-te, pelo amor de Deus. Pra empatar com o Madureira, tanto sufoco?

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