São Paulo, segunda-feira, 14 de abril de 1997
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Garotas se viram na economia informal

CRISTIANE YAMAZATO
DA REPORTAGEM LOCAL

Dentro da série de reportagens dedicada a quem quer começar a trabalhar ou já está trabalhando, mas quer mudar de atividade, o Folhateen mostra hoje a história de duas garotas que atuam na economia informal.
Embora ganhem pouco dinheiro, elas garantem que as experiências valem a pena e ressaltam que o trabalho tem de ser encarado com prazer para dar certo. Leia abaixo.
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Olívia, 16, costureira e animadora de bufê infantil: "A costura em minha casa é uma coisa de criação", conta Olívia Citino de Arruda Botelho, que foi iniciada no mundo da costura pela mãe ainda aos sete anos de idade. Daí a idéia de atuar nesse mercado para ganhar um dinheiro nas horas vagas.
Sem horários fixos e nem salário estipulado, ela costuma ganhar R$ 70 mensais, ajudando a mãe de uma amiga na confecção de bichinhos de pelúcia.
"Já cheguei a fazer 500 papagaios em um mês. Ganhei R$ 100." Para ela, o importante é ganhar certa independência financeira. "Não ganho muito, mas o que faço me dá prazer e me garante um dinheiro para os meus gastos."
Para rechear o salário, Olívia faz quatro festas por mês em um bufê infantil, o que lhe garante mais R$ 80. "É o que menos gosto, mas faço pela renda."

Camila, 16, ex-florista e futura bailarina profissional: Até há pouco tempo, nas madrugadas de quinta para sexta, Camila do Vale de Luca corria os corredores do Ceagesp (Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais do Estado de São Paulo) em busca de flores. Depois ia para o colégio e à tarde criava arranjos florais que distribuía por cinco padarias. Renda: R$ 200 mensais. "Tive de abandonar os arranjos porque os ensaios começaram a tomar todo o meu tempo", conta.
Camila faz parte de um grupo de dança que está prestes a se profissionalizar. "Agora estou investindo na dança, que é algo de que gosto. Mas acho importante a pessoa ser descolada, isto é, estar aberta para fazer coisas diversas para garantir um dinheiro próprio."
Quanto às flores, o trabalho surgiu por mero acaso. "Estava em uma padaria, e o dono comentou que não gostava dos arranjos. Minha mãe, meu namorado e eu nos oferecemos para criar outros, e ele topou. Aprendi a fazer olhando revistas importadas."

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