São Paulo, segunda-feira, 14 de abril de 1997
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Angra lança CD de músicas ao vivo

AUGUSTO PINHEIRO
DA REPORTAGEM LOCAL

A banda de heavy metal Angra lança mundialmente no final deste mês o CD "Holy Live". O disco traz seis músicas gravadas ao vivo durante show realizado no ano passado em Paris, no parque aquático Acquaboulevard.
A escolha de Paris reflete o sucesso que a banda faz na Europa e que se estende ao Japão. Este ano o grupo ficou entre os melhores nas votações de revistas especializadas dessas plagas.
As faixas do CD são "Crossing", "Nothing to Say", "Z.I.T.O.", "Carolina IV" -todas do disco "Holy Land"- e "Unfinished Allegro" e "Carry on" -ambas de "Angels Cry".
Na semana passada, a banda tinha shows marcados em Curitiba e Florianópolis. A partir de maio, inicia a segunda etapa da turnê européia, passando pela França, Itália, Alemanha e Grécia.
Eles dizem que tocar no exterior tem lá os seus desafios, e é disso que gostam. O público italiano, por exemplo, é mais aberto, pode ser considerado "fácil". Já os alemães "são frios e críticos. Então, se você consegue fazer com que eles curtam o show, é maravilhoso", diz Luís Mariutti, baixista.
Em junho, tocam no festival Gods of Metal, em Milão (Itália). Entre sete bandas, vão ser a segunda atração de um dos dias, abrindo apenas para o Manowar.
Participar de festivais é outro desafio. "Temos de conquistar o público porque nem todo mundo está ali para ouvir seu som", conta o guitarrista Kiko Loureiro.
No Brasil, está confirmada a apresentação no Monsters of Rock, em agosto. "Vai ser nosso único show durante o período de preparação do próximo disco", diz André Matos, vocalista e preferido das meninas. Esse novo trabalho sai até o final do ano.
Entre os projetos paralelos, há um convite da revista alemã "Rock Hard" para reviver um sucesso do Iron Maiden, no disco-tributo à banda inglesa. Entre as prováveis faixas estão "Flight of Icaros" e "Acid Years", já tocadas pelo Angra em seus shows.
Outra revista, a francesa "Hard Force Magazine", encomendou uma versão acústica da canção "Make Believe" para presentear os assinantes com um CD exclusivo. Participam também da compilação Rage Against the Machine, Megadeth e Sepultura. Já tem cheiro de raridade.
Os angras reconhecem que o Sepultura foi o grande responsável pela abertura do mercado internacional para os brasileiros. "É triste a separação da banda", diz o guitarrista Rafael Bittencourt.
Para eles, na divisão do grupo ficou privilegiado o lado com mais "cérebro musical" (Igor, Andreas e Paulo).
O baterista Ricardo Confessori lembra que várias bandas, cuja morte foi prenunciada pela saída do vocalista, sobreviveram: "É o caso do Helloween, Iron Maiden e Deep Purple".
Segundo o Angra, outros nomes do Brasil já ensaiam uma invasão lá fora: Dorsal Atlântica e Overdose. A brasilidade do grupo ainda gera perguntas sobre samba e violência. "Fazemos questão de corrigir a imagem errada que eles mantêm do país", prega André.
A onda de tecno music que assalta o planeta e seduz roqueiros (vide Bowie e U2) não atrai o grupo. "Preferimos trabalhar com percussão brasileira, o que fazemos desde o primeiro disco", diz Ricardo Confessori, baterista.
Essa predileção se reflete no som escutado pelos músicos atualmente: Carlinhos Brown. Eles também admiram o Timbalada. Mas, como parceria, escolheriam trabalhar com Naná Vasconcelos.
Mas não se mostram preconceituosos em relação à cena tecno. "É como o rock, pessoas se reúnem para 'bater cabeça'. Mas não gosto da música, que é pobre e feita só por computadores", diz Luís.
E, como bons roqueiros, negam que o rock esteja morrendo. "É um ritmo versátil, utiliza todos os outros como elemento e nem por isso perde a autenticidade", garante André Matos.

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