São Paulo, segunda-feira, 14 de abril de 1997
Próximo Texto | Índice

Ingleses invadem o Brasil atrás de arte contemporânea

CELSO FIORAVANTE
DA REPORTAGEM LOCAL

Vai parecer presente de Natal. Em dezembro, junto com a visita de Fernando Henrique Cardoso à Inglaterra, cinco das mais conceituadas galerias londrinas estarão exibindo, simultaneamente, apenas arte contemporânea brasileira.
As galerias selecionadas são: Anthony d'Offay (representada pela curadora Stefania Bortolami), Serpentine (Jonathan Watkins), Chisehale (Judith Nesbitt), Bernard Jacobson (representada pelo próprio) e Whitechapel (Felicity Lunn). Os quatro primeiros estiveram em São Paulo e no Rio na última semana. Felicity Lunn chega ao país no final deste mês.
A iniciativa partiu da Secretaria de Intercâmbio e Projetos Especiais do Ministério da Cultura e da embaixada brasileira em Londres.
"É possível notar que a participação da arte contemporânea brasileira no exterior vem crescendo constantemente e, em boa parte, sem a intervenção do Ministério. Londres é um grande centro produtor de arte e um formador mundial de opinião. Queremos que o Brasil esteja lá", disse Eric Nepomuceno, 48, secretário de intercâmbio do Ministério da Cultura.
O custo do projeto, a ser dividido entre Itamaraty e Ministério da Cultura, ainda não está definido, já que depende do número total de artistas e obras selecionados. O orçamento envolverá ainda viagem dos artistas, confecção de catálogos, convites, transporte e seguro das obras.
"Não arcaremos com o custo total. As galerias também estarão no projeto, já que as artes plásticas são um negócio como outro qualquer", disse Nepomuceno.
O carioca Waltercio Caldas é um dos prováveis artistas selecionados. "O Jonathan Watkins, da Serpentine Gallery, já veio com o Waltercio na cabeça e vai fazer uma mostra dele na Serpentine, mas gostou também de José Rezende, Willys de Castro e Amilcar de Castro", disse a galerista Raquel Arnaud, que já recebeu a visita dos quatro curadores.
O carioca Paulo Fernandes também foi procurado pelos galeristas e confirma o interesse de Watkins por Rezende e Caldas. "Watkins gostou muito do Waltercio e já encomendou uma escultura dele para o acervo da galeria, a ser instalada nos jardins", disse.
As curadores ingleses terão completa liberdade para a escolha dos artistas, sem qualquer ingerência das instituições e galerias brasileiras. "Mas o ideal seria haver cinco coletivas", disse Nepomuceno.
Esse "ideal" deve ser seguido pela galeria Anthony d'Offay. "A Stefania Bortolami me confirmou a seleção de três artistas da minha galeria: Nuno Ramos, Valeska Soares e Ernesto Neto. Como ela tem vários espaços, poderá levar vários artistas", disse Marcantonio Vilaça, da Camargo Vilaça.
A galeria pode causar em breve uma ótima surpresa no mercado nacional, se confirmar a inclusão de um brasileiro em seu cast. A galeria já representa cerca de 40 dos mais importantes artistas do mundo, como Alselm Kiefer, Christian Boltanski, Kiki Smith, Jannis Kounellis, Gerhard Richter, Rachel Whiteread, Mario Merz e outros.

Próximo Texto: Curador inglês seleciona também para Sydney
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.