São Paulo, segunda-feira, 14 de abril de 1997
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Rebeldes prometem retomar combates

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

Rebeldes zairenses disseram ontem que retomarão os combates. O anúncio foi feito após o vencimento do prazo de três dias para que o presidente Mobutu Sese Seko renunciasse, encerrando um governo ditatorial que já dura 32 anos.
Embora tenha rejeitado o ultimato dado pelos rebeldes, Mobutu não descartou a possibilidade de manter conversações com o líder rebelde Laurent Kabila, cujas forças controlam metade do país.
A disposição de Mobutu em manter o diálogo é mais uma tentativa de o presidente se manter no poder, mesmo depois de os EUA terem recomendado sua renúncia para evitar uma guerra civil.
Os rebeldes também parecem se mostrar dispostos a negociar: anunciaram ontem que Kabila participará diretamente das negociações. Disseram, entretanto, que suas tropas continuarão a avançar até o oeste do Zaire.
O "ministro" das Relações Exteriores da Aliança Rebelde, Bizima Karaha, disse ainda que a renúncia de Mobutu é o objetivo primeiro da rebelião e que o cessar-fogo antes que as negociações aconteçam está excluído.
Questão política
Segundo um observador em Kinshasa, a rapidez do avanço rebelde sobre a capital do país é, a partir de agora, "uma questão mais política do que militar". Os rebeldes controlam seis das 11 Províncias zairenses.
O medo de que os confrontos entre rebeldes e forças de segurança do governo, previsto para hoje, aconteçam fez com que os moradores de Kinshasa se aglomerassem junto a mercados e lojas na tentativa de estocar alimentos.
"Temos visto pessoas estocando desde ontem (anteontem)", disse Sidi Mohamed, proprietário de uma loja na cidade.
Segundo outro proprietário local Mohamed Umar, os preços dos alimentos importados despencaram desde que as forças de Kabila tomaram a capital do cobre, Lubumbashi, e voltaram os olhos para Kinshasa, a capital.
O governador militar de Kinshasa fez um pronunciamento ontem em rede nacional de televisão pedindo aos zairenses e estrangeiros que mantenham a calma."Uma atmosfera de pânico reina entre as mulheres e homens de Kinshasa", disse o general Amela Lokima.
Ele disse estar pronto para defender Kinshasa. "A segurança de nossa capital é nosso dever fundamental. "
Burundi
Soldados do Exército de Burundi mataram 150 rebeldes hutus no sudeste do país, segundo informou ontem o Ministério de Defesa em Bujumbura.
Três soldados do Exército, formado principalmente por tutsis, foram mortos e oito ficaram feridos em enfrentamentos em Makamaba, perto da fronteira com a Tanzânia. As lutas entre hutus e tutsis começaram em 1983, quando membros da minoria tutsi no Exército assassinaram o primeiro presidente hutu eleito democraticamente, Melchior Ndadaye.

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