São Paulo, sexta-feira, 18 de abril de 1997
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FHC anuncia mais R$ 400 mi para reforma

ABNOR GONDIM
WILLIAM FRANÇA

ABNOR GONDIM; WILLIAM FRANÇA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Em audiência hoje com sem-terra, presidente procurará convencê-los a interromper invasões de propriedades

Mais US$ 400 milhões para a reforma agrária serão anunciados hoje pelo governo durante a audiência do presidente FHC com líderes do MST.
Esses investimentos integram o pacote de medidas que será apresentado pelo governo para tentar convencer os líderes dos sem-terra de que as invasões de propriedades se tornaram desnecessárias.
Parte dos novos recursos -US$ 240 milhões- serão empréstimos tomados junto ao Bird (Banco Mundial) e ao BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento). Os empréstimos começarão a ser fechados neste mês, segundo o ministro Raul Jungmann (Política Fundiária).
Cerca de US$ 150 milhões serão destinados ao Projeto Cédula da Terra, que financiará a aquisição de terra no mercado imobiliário. Para o governo, isso elimina a motivação das invasões.
Grupos de trabalhadores rurais poderão obter financiamento para a aquisição de um imóvel. O projeto pretende atender 15 mil famílias em cinco Estados -Maranhão, Pernambuco, Bahia, Minas Gerais e Ceará.
"A nossa disposição é fazer com que a reforma agrária transcorra com respeito à vida e com respeito à lei", afirmou Jungmann.
Ele participará da reunião juntamente com os ministros Arlindo Porto (Agricultura), Alberto Cardoso (Casa Militar) e Milton Seligman (Justiça).
O governo sabe que será criticado pelo MST na audiência de hoje. O próprio Projeto Cédula da Terra, por exemplo, é considerado pelo MST como uma "mamata" que objetiva premiar os fazendeiros improdutivos, com a aquisição de seus imóveis à vista em vez de serem desapropriados.
Mesa para 25
O Planalto preparou uma mesa com 25 lugares, na sala anexa ao gabinete do presidente, para a audiência do governo hoje com o MST. O encontro começará às 16h.
Até o início da noite de ontem, o governo ainda aguardava que o MST divulgasse o nome de quem os representaria. Foram destinados entre 15 e 20 lugares para os sem-terra e, segundo o porta-voz da Presidência, Sergio Amaral, o governo não impôs qualquer condição para a indicação de nomes para o encontro.
"O limite é apenas físico, pois a idéia é que todos estejam sentados para facilitar o diálogo. A escolha dos nomes é deles", disse Amaral. A Folha apurou que o interlocutor do governo com o MST foi o ministro interino da Justiça, Milton Seligman.

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