São Paulo, sexta-feira, 18 de abril de 1997
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CNBB dá apoio estratégico a projeto sobre ensino religioso

Entidade pretende entrar na Justiça por ensino confessional

LUIS HENRIQUE AMARAL
DO ENVIADO ESPECIAL A ITAICI (SP)

Apesar de contrariada, a CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil) decidiu ontem apoiar projeto de lei de autoria do Executivo que institui o "ensino ecumênico" nas escolas públicas.
O projeto foi proposto pelo ministro da Educação, Paulo Renato, depois que a CNBB protestou contra a determinação da LDB (Lei de Diretrizes e Bases da Educação) que determina que o ensino religioso nas escolas públicas brasileiras seja realizado "sem ônus" para o Estado.
A LDB foi aprovada em dezembro passado. Ela regulamentou o artigo 201 da Constituição, que afirma: "O ensino religioso, de matrícula facultativa, constituirá disciplina dos horários normais das escolas públicas de ensino fundamental".
Segundo d. Irineu Danelon, escolhido pela CNBB para falar sobre o assunto, a frase "sem ônus para os cofres públicos" foi inserida na LDB pelo deputado federal Arnaldo Madeira (PSDB-SP).
"Essa proposta cria duas categorias de professores na escola, os que recebem e os que não recebem salário, e isso é inadmissível", afirmou o bispo.
Ecumenismo
O ensino religioso ecumênico proposto por Paulo Renato não é o que queria a CNBB, que defende o ensino "confessional", ou seja, de apenas uma religião. Ou seja, seriam necessários um professor por religião em cada escola.
O ecumenismo prevê que sejam estudadas nas escolas as principais religiões existentes no Brasil. Mesmo que não sejam de origem cristã, como o judaísmo e as religiões afro-brasileiras.
Apoio
A decisão de apoiar a proposta de Paulo Renato é estratégica. Com ela, os professores de religião não deixariam de ser pagos em janeiro de 1998, quando a LDB entra em vigor.
A entidade poderá, em seguida, entrar na Justiça solicitando a volta do ensino confessional e que seus professores sejam pagos pelo Estado.
"A possibilidade de entrar na Justiça para garantir a norma constitucional ainda não está afastada, depende da velocidade da tramitação do projeto do ministro da Educação no Congresso", afirmou d. Irineu.
A CNBB acredita que, com o apoio do governo, a proposta entraria no Congresso em caráter de "urgência" e seria aprovada em três meses.

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