São Paulo, sexta-feira, 18 de abril de 1997
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Até muleta some para atrasar votação

ROGÉRIO GENTILE
DA REPORTAGEM LOCAL

As tentativas dos partidos de oposição de obstruir a votação do projeto do fura-fila não tiveram sucesso.
O PT e o PSDB fizeram de tudo para impedir a aprovação do projeto, recorrendo, inclusive, à muleta do vereador Arselino Tatto (PT), que está com a perna esquerda machucada.
Depois de quase quatro horas de discussão (a sessão tinha sido iniciada às 15h), o parlamentar percebeu que uma de suas muletas havia sumido do plenário.
Tatto pediu a palavra e exigiu que o aparelho fosse devolvido. Do contrário, a sessão não poderia continuar.
"Alguém roubou minha muleta. Exijo que seja devolvida", afirmou, no microfone. Rapidamente o aparelho foi encontrado por um vereador da situação.
Mas os artifícios para tentar evitar a votação continuaram. O vereador Alberto Hiar (PSDB), conhecido como "Turco Loco", disse ao microfone que estava sofrendo assédio sexual por parte do vereador Hanna Garib (PPB).
O vereador da bancada de Celso Pitta teria encostado sua mão nas nádegas no vereador tucano enquanto Turco Loco discursava contra o projeto.
Garib, que foi nomeado ontem líder do governo Pitta, negou o fato. "Eles estão querendo tumultuar a sessão. Nós estamos aqui para trabalhar pelo povo de São Paulo", afirmou.
Apesar dos esforços para obstruir a votação, a oposição foi passada para trás por uma jogada política dos vereadores governistas.
Anteontem, a Câmara votou um requerimento para formar uma comissão para representar o parlamento de São Paulo na marcha promovida pelo MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) em Brasília.
Os parlamentares governistas garantiram que a votação do fura-fila não seria realizada nesta semana. Por isso, o PT enviou quatro parlamentares (toda a comissão) para Brasília.
Oposição
A vereadora Aldaiza Sposati (PT) disse que a oposição é contra o projeto porque ele estaria apresentando várias irregularidades.
"O projeto concede vantagens absurdas para a empresa que ganhar a concorrência pública."
A principal delas seria o fato de a empresa poder ter outras receitas além da bilheteria, como a exploração de anúncios publicitários, sem que esse rendimento seja utilizado no equilíbrio econômico para o abatimento da tarifa.
Sposati diz também que o projeto é ilegal porque não informa exatamente os termos da concessão -como o número e o traçado das linhas, por exemplo. "É um cheque em branco para as empresas."

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