São Paulo, sexta-feira, 18 de abril de 1997
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Laudo deve apontar que Rambo matou

DA REPORTAGEM LOCAL

O tiro que matou o conferente Mário José Josino foi disparado pelo soldado Otávio Lourenço Gambra, o Rambo. Isso é o que provaria um laudo mais detalhado feito por uma perita do Instituto de Criminalística de São Paulo.
Josino foi morto com um tiro no ombro no dia 7 de março em uma das blitze de policiais militares filmadas por um cinegrafista amador na favela Naval, em Diadema (Grande São Paulo).
Ampliando e isolando cada quadro da filmagem, os peritos teriam encontrado o momento exato em que o disparo feito pelo soldado atingiu o vidro traseiro do Gol, acertando o conferente, que estava sentado no banco de trás do carro.
O detalhamento das imagens foi requisitado pelo Ministério Público. Além da trajetória do disparo, o objetivo era traçar o ângulo de tiro e a distância em que o disparo foi efetuado pelo soldado.
Em seu interrogatório na semana passada, Gambra havia afirmado que atirara em direção ao chão e não ao carro. O novo laudo "desmontaria" o álibi do réu.
O laudo também deverá estabelecer as distâncias entre os policiais que aparecem na cena do crime. O objetivo é mostrar que todos estavam próximos e cada um "dando cobertura ao colega".
Também será definido o ângulo de visão de cada um dos policiais a fim de mostrar que eles presenciaram a cena do primeiro disparo de Gambra -ele fez um segundo- e as de espancamento.
O Ministério Público considera esse laudo um dos mais fortes indícios de "autoria e participação" dos PMs no crime.
Lemos
O mesmo método deverá ser utilizado para definir a participação dos policiais na tentativa de homicídio contra o músico Sílvio Calixto Lemos. Lemos foi parado pelos policiais na blitz do dia 3 de março.
Após ser esbofeteado, o músico foi levado para um canto onde foi surrado e depois espancado com um cassetete. Em seguida, o soldado Gambra teria disparado um tiro em sua direção.
O Ministério Público também quer definir as posições exatas em que estavam os policiais militares acusados e o ângulo de visão que cada um deles tinha do espancamento e da tentativa de homicídios contra o músico.

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