São Paulo, sexta-feira, 18 de abril de 1997
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NE cresceu mais do que o Brasil em 96

Sudene aponta crescimento econômico

VANDECK SANTIAGO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM RECIFE

O Nordeste teve em 1996 um crescimento econômico superior ao do Brasil, em comparação com 1995, segundo estudo da Sudene concluído nesta semana.
Enquanto o crescimento do Brasil foi de 2,9%, o do Nordeste chegou a 4,1%.
No mesmo período, o PIB per capita nordestino cresceu a uma taxa superior à brasileira: 2,7% contra 1,5%, de acordo com o estudo.
O trabalho da Sudene (Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste) mostra que, num prazo mais longo, de 80 a 96, a tendência se mantém: nesse período a taxa média anual de crescimento econômico do Nordeste foi de 3,1%. A do Brasil ficou em 2,0%.
A participação percentual do PIB nordestino no PIB brasileiro passou de 13,1% em 1980, para 15,6% no ano passado. O PIB da região, em 96, chegou a R$ 117,5 bilhões.
"O que esses dados mostram é que a economia nordestina tem dinamismo capaz de responder com eficiência aos investimentos feitos na região", disse o economista da Sudene, Herôdoto Moreira, que coordenou o estudo.
Para o diretor de Políticas Regionais do Ipea (Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas), Gustavo Maia Gomes, os resultados da economia nordestina "são muito positivos" e têm "efeito imediato na melhoria de vida das pessoas".
"Mas as taxas de crescimento ainda são pequenas, insuficientes para significar a solução dos problemas da região", disse. O PIB per capita brasileiro (que é de R$ 4.764), por exemplo, é quase o dobro do nordestino (R$ 2.578,46).
O setor em que a economia nordestina apresenta melhor desempenho é o de serviços: seu crescimento em 96 foi de 4,6%, comparado com 95. No país o crescimento de serviços foi, no mesmo período, de 3,3%.
Logo em seguida vem a indústria: no Nordeste o setor cresceu a uma taxa de 3,5%, contra 2,3% do Brasil.
O setor mais frágil da economia do Nordeste é o da agropecuária, que teve um crescimento inferior ao do Brasil: 2,3% contra 3,1%.
Segundo Moreira, uma análise detalhada desses números mostra que o Nordeste continua sendo uma região "mais consumidora do que produtora".
"Assim, como o Plano Real deu um ganho de renda às camadas mais pobres da população, majoritárias no Nordeste, essas pessoas passaram a consumir mais e isso teve reflexo no crescimento da região nos últimos três anos", disse Moreira. Na opinião dele, sem investimentos públicos em infra-estrutura, a tendência de crescimento "pode não se manter".
"O último grande investimento que a região teve foi o da usina hidrelétrica de Xingó, na década de 80", afirmou ele.

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