São Paulo, sexta-feira, 18 de abril de 1997
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Pelé quer fim de 'regalias' dos clubes

MARCILIO KIMURA
DA REPORTAGEM LOCAL

O ministro dos Esportes, Edson Arantes do Nascimento, Pelé, pretende encaminhar no próximo mês um projeto de lei ao Congresso Nacional para o futebol ter uma legislação específica, diferente das de outros esportes.
O motivo principal é auxiliar o crescimento de outras modalidades no país.
Segundo Pelé, o futebol, como um esporte de extrema popularidade, atrai tantos investimentos para si que afasta dos demais.
Ele quer tornar o departamento de futebol dos clubes em empresas. Desta maneira, perderia os privilégios fiscais.
Atualmente, os times são entidades sem fins lucrativos e, por isso, não pagam impostos sobre os lucros que têm.
Os demais esportes continuariam com os privilégios e teriam gastos menores.
Outra razão dessa medida é acabar com "o superenriquecimento dos dirigentes".
"Você já viu a CBF apresentar contas de suas atividades? O Flamengo já comprou, vendeu e recomprou um jogador e sem nenhuma transparência", comentou Pelé, em alusão a Romário.
"Aí, vai dar para fiscalizar e moralizar o futebol."
A necessidade de modificar a lei segue o modelo da Inglaterra e da Itália, onde os clubes já se tornaram empresas.
O projeto de Pelé prevê um prazo de adaptação à nova realidade, para beneficiar principalmente os clubes pequenos.
O Instituto Nacional do Desenvolvimento do Desporto (Indesp) é o órgão encarregado da elaboração do projeto, mas o Comitê Olímpico Brasileiro (COB) acabou entrando no preparo.
"Como o Nuzman (Carlos Arthur, presidente do COB) também é membro do Indesp, as medidas serão tomadas em comum acordo entre as duas entidades", contou Carlos Miguel Aidar, membro do Conselho Deliberativo Indesp.
Passe livre
Outro ponto básico do projeto é reduzir o limite de idade -para 25 anos- para o passe livre.
Anteriormente era restrito aos da Comunidade Européia.
"Essa questão enfrenta barreiras muito fortes, mas como a Fifa apóia, será mais fácil implantar no Brasil", afirmou Pelé.
Adversários
O ministro está ciente que enfrentará oposição ao projeto de lei.
"Sabemos que vamos ter muita briga. O lobby no futebol é muito forte. Mas temos que tentar. Pior do que está não fica."
O deputado federal e vice-presidente de futebol do Vasco, Eurico Miranda, é o principal rival da idéia. "Qualquer proposta do Pelé não serve para nada", disse.

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