São Paulo, sexta-feira, 18 de abril de 1997
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"Estrela Solitária" de Sayles sobrevive ao descaso do mercado

MAURICIO STYCER
DA REPORTAGEM LOCAL

Lançados no mercado brasileiro de forma tão discreta, para não dizer desleixada, alguns filmes chegam a merecer uma medalha quando conseguem sobreviver em cartaz por sete dias e entrar na segunda semana de exibição.
A vítima desta semana é "Estrela Solitária", que se destaca da produção média norte-americana.
Obra de John Sayles, um diretor independente que acumula inúmeros fracassos de bilheteria, um elenco de pouquíssimas estrelas e enredo aparentemente complicado, "Estrela Solitária" parece destinado ao fracasso por "culpa" justamente de suas qualidades.
Trata-se de um caso exemplar. Como outras vítimas do descaso, este filme parece ser uma daquelas produções que os exibidores e distribuidores julgam que não têm potencial em termos de bilheteria, mas precisam ser lançadas nos cinemas antes de saírem em vídeo.
Só para se ter uma idéia, o filme foi indicado ao Oscar de melhor roteiro original (prêmio ganho por "Fargo"), mas essa informação nem consta do material que os responsáveis pelo seu lançamento no Brasil enviaram aos jornais.
O filme se passa numa cidadezinha do Texas, na fronteira com o México, e conta três histórias paralelas, em dois tempos, 1957 e 1995.
No presente, convivem um xerife branco, uma professora hispânica e um militar negro.
O xerife Sam, vivido por Chris Cooper, investiga um assassinato ocorrido quase 30 anos antes e começa a desconfiar que seu pai, que também foi xerife da cidade, pode ter sido o responsável pelo crime.
A professora, Pilar, é filha de uma ex-imigrante ilegal que hoje denuncia mexicanos. Na infância, Pilar namorou Sam, mas se casou com outro homem. O militar, um oficial do Exército, retorna ao local em que nasceu, depois de 20 anos, para comandar o fechamento da base militar da região e rever o pai.
O tom do filme é dado por esses personagens sem glamour, que vivem histórias normais. Coisas feias, como a violência, a pobreza e o racismo, são tratadas como elas são, da mesma forma que os encontros, desencontros e reencontros dos personagens. "Estrela Solitária" é cinema que parece normal, e espanta justamente por isso.

Filme: Estrela Solitária
Produção: EUA, 1996
Direção: John Sayles
Com: Chris Cooper, Kris Kristofferson e Matthew McConaughey
Quando: no cine Belas Artes - sala Carmen Miranda

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