São Paulo, sexta-feira, 18 de abril de 1997
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Pressionado, "Bibi" descarta renúncia

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

O primeiro-ministro de Israel, Binyamin Netanyahu, disse que não vai renunciar ao cargo por causa de sua possível acusação formal em um escândalo de corrupção. "A verdade vai triunfar", disse o primeiro-ministro. A decisão sobre o seu envolvimento no caso deve sair até segunda-feira.
"Bibi" Netanyahu convocou uma reunião de militantes do seu partido direitista, o Likud, para receber apoio. "Esse governo não vai para lugar nenhum. Vamos continuar onde o povo e a história nos colocaram", disse.
Netanyahu é suspeito de ter aceitado uma negociação política para nomear o advogado Roni Bar-On para o cargo de procurador-geral.
Bar-On era apoiado pelo partido Shas porque, supostamente, agiria para livrar seu líder, Aryeh Deri, de um processo. Em troca da nomeação, o Shas apoiaria no Parlamento o plano de retirada parcial israelense de Hebron, Cisjordânia.
O inquérito sobre o caso ficou pronto nesta semana e foi entregue ao Ministério Público. Ontem, promotores se reuniram em um local retirado, nos arredores de Jerusalém, para analisar o inquérito de 995 páginas -que inclui depoimento de Netanyahu. A decisão final está nas mãos de Eliakim Rubinstein, 49, que por coincidência sucedeu Roni Bar-On no cargo de procurador-geral.
O primeiro-ministro disse que recebeu vários telefonemas de apoio desde que foi tornada pública a sugestão da polícia para que fosse acusado.
"Vamos continuar nesse caminho até o ano 2000... e, digo a vocês, até depois do ano 2000."
Foram as primeiras declarações de Netanyahu, 47, desde o final do inquérito. A crise estoura em um momento em que o premiê se vê isolado internacionalmente devido às dificuldades no processo de paz e estuda a criação de um governo de união nacional.
Os parceiros dele na coalizão de governo, partidos de direita e religiosos, estão mantendo uma atitude reservada frente à crise.
Os EUA, principal aliado internacional, disse que se trata de uma questão interna -posição idêntica à dos palestinos.
A acusação torna difícil a idéia do governo de união. Shimon Peres, o líder do Partido Trabalhista, disse que considera difícil se aliar a um premiê desacreditado. Mesmo se a acusação não for feita, a oposição pode pressionar pela renúncia de Netanyahu.
Morre ex-presidente
Morreu ontem perto de Tel Aviv Chaim Herzog, 78, que foi o sexto presidente de Israel. Herzog, nascido em Belfast (Reino Unido), sofria de uma doença pulmonar.
Como militar, chegou a general do Exército israelense. Entre 1948 e 1950 e entre 1959 e 1962, dirigiu o serviço de inteligência. Foi embaixador na ONU entre 1975 e 1978.
Em seguida, tornou-se deputado trabalhista. Em 1983, chegou à chefia do Estado com apoio tanto de trabalhistas quanto do Likud. Deixou o cargo em 1993.

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