São Paulo, sábado, 19 de abril de 1997 |
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PF apura acusação de fraude em banco
EMANUEL NERI
O relato sobre as supostas irregularidades na instituição chegou ao procurador por representação da Associação dos Funcionários do BEC, no último dia 7. O BEC é subordinado ao governador do Ceará, Tasso Jereissati (PSDB). O procurador considerou a representação "substanciosa, grave e muito bem circunstanciada". Por causa disso, requisitou a abertura de inquérito pela Polícia Federal. Também pediu para o Banco Central investigar o caso. Segundo Araújo Filho, a suspeita de irregularidade no BEC envolve empréstimos a parentes de diretores do banco e privilégios concedidos a grupos empresariais, como a empreiteira EIT. O "Diário do Nordeste", de Fortaleza, revelou esse caso ontem. No caso da EIT, disse o procurador, a representação dos funcionários refere-se a sucessivas rolagens de uma dívida de R$ 20,2 milhões, comprometendo 30% do patrimônio líquido do banco. Os bancários do BEC apontam, de acordo com Araújo Filho, que as vantagens oferecidas à EIT, cuja sede é em Natal (RN), incluíam juros abaixo dos praticados no mercado. Por causa disso, o banco teve prejuízos de R$ 500 mil por mês. Uma segunda construtora, a GTF, também teria se beneficiado com vantagens dadas pela direção do BEC, segundo a representação de seus funcionários. Dívida de R$ 7 milhões da empresa teria sido reduzida para R$ 4 milhões. Apesar da redução da dívida, segundo os bancários, a GTF ainda teria tido direito a um novo empréstimo no valor de R$ 300 mil. O banco também teria pago R$ 121 mil referentes ao IOF (Imposto sobre Operações Financeiras). Uma outra construtora, a Fujita Engenharia, é apontada pelos funcionários do BEC de se beneficiar de compra, em leilões públicos, de imóveis pertencentes ao banco. A representação inclui sete supostas irregularidades praticadas na instituição financeira. Segundo o procurador, uma dessas possíveis fraudes inclui desvio de recursos de crédito rural para outras finalidades. A representação acusa o BEC de ter dispensado garantias financeiras das empresas supostamente beneficiadas. Algumas dessas empresas, de acordo com a representação, respondem a processos na Justiça e têm irregularidades cadastrais. Outras respondem a pedidos de falência e liquidação. Algumas operações contrariaram pareceres contrários do próprio banco. "Colarinho branco" Para o procurador da República no Ceará, as supostas irregularidades podem ser enquadradas na lei 7.492/86, a chamada Lei do Colarinho Branco. Essa lei classifica como crimes casos de gestões temerária e fraudulenta. A gestão temerária envolve a concessão de empréstimos vultosos sem contrapartida que cubra um eventual caso de inadimplência. A gestão fraudulenta diz respeito à utilização de documentos falsos em operações que resultem em prejuízo do banco. Texto Anterior: Conheça o "decálogo liberal" Próximo Texto: Governador nega acusação Índice |
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