São Paulo, domingo, 20 de abril de 1997
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"A repressão funciona"

NS
DA REPORTAGEM LOCAL

A psicanalista Maria Rita Kehl levanta duas hipóteses de avaliação, diante do fenômeno, ainda "tão novo". da "conversão" ou "libertação" de homossexuais pelos grupos pentecostais.
"Um é que se trata de repressão", diz. "A repressão funciona. A igreja sempre conseguiu que as mulheres esperassem virgens até o casamento ou que os padres, pelo menos alguns, se mantivessem castos."
Para a repressão ou supressão da sexualidade, a força vem da coerção exercida pelo novo grupo, pela comunidade da igreja, que passa a ocupar quase todo o tempo da pessoa.
A dúvida que Maria Rita Kehl levanta nesse âmbito, também uma dúvida da psicanalista Marta Suplicy, é se o indivíduo chega a ter uma vida sexual, na nova opção. "Como psicanalista, eu não posso acreditar", diz Marta Suplicy.
"A sexualidade é complexa, mas o consenso é que você não muda a orientação sexual. Já vi acontecer, mas com pessoas levadas ao homossexualismo por contingência. Prisão, colégio interno", diz.
"São mudanças superficiais. Provavelmente, essas pessoas sentem que é menor o preço da pseudomudança do que o preço social da marginalização."
A segunda hipótese levantada por Maria Rita Kehl é que talvez se dê, no caso, uma transferência, no conceito psicanalítico. "Quer dizer, muitos dos 'milagres' religiosos eu acho que são efeito de transferência. Mas atribuir a alguém poderes, como você atribui na infância a pai e mãe, não funciona."

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