São Paulo, domingo, 20 de abril de 1997
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Preços das linhas caem 42%

GABRIEL J. DE CARVALHO
DA REDAÇÃO

Os preços das linhas telefônicas negociadas no mercado informal de São Paulo não param de cair desde junho do ano passado.
Em um ano a queda está em 42,5%, considerando a média de dez linhas bem comercializadas. A pesquisa semanal dos preços é feita pelo Datafolha.
Em abril de 96 o preço médio dessas linhas era de R$ 4.345. Neste mês já está em R$ 2.500.
A queda é vertiginosa, mas o mercado ainda resiste.
Edmon Rubies, da Bolsa de Telefones, acha que só daqui a uns quatro anos, se tudo correr bem, a oferta vai atender a toda a demanda por telefone fixo, que exige cabos pelas ruas.
A oferta que deve crescer mais rapidamente é a do celular.
Na opinião dele, hoje não existe melhor negócio do que ter um telefone e alugá-lo porque a receita mensal corresponde de 5% a 7% do valor da linha.
Acontece que o capital, no caso a linha, está se desvalorizando mês a mês. "Mas quem não vendeu a R$ 3.000, por que venderia a R$ 2.000?", argumenta Rubies.
A queda mais recente dos preços, segundo ele, está relacionada ao anúncio de que uma linha original de telefone fixo vai custar apenas R$ 300,00 a partir de maio.
Acontece, analisa Rubies, que muitos estão certos de que terão a linha rapidamente. Quando perceberem que a instalação vai demorar dois anos ou mais, como antes, a procura tende a voltar. Quem precisa não pode esperar, diz.
Essa expectativa, acrescenta, também está levando muitas pessoas a alugar uma linha, em vez de comprar. Mas Rubies ainda acha melhor adquirir a linha.
Ele dá um exemplo: nos Jardins (bairro classe A em São Paulo), um telefone pode ser comprado por R$ 2.065 à vista ou em 25 parcelas de R$ 141. Um aluguel de linha sai por R$ 130 ao mês, uma diferença de apenas R$ 11.
A compra de um celular também é opção. Os preços variam de R$ 2.200 a R$ 3.500, segundo Rubies, dependendo do aparelho que vem junto com o direito de uso.
O problema é a conta no final do mês. Ligações idênticas durante um mês resultam em despesa de R$ uns 35 no telefone fixo para R$ 150 no celular, calcula ele.
Outro motivo de depreciação dos preços, afirma Rubies, está na oferta feita por poucas empresas que obtiveram liminar para vender linhas antes de cumpridos os 18 meses exigidos pela Telesp. "É uma aberração que beneficia meia dúzia", reclama ele.
Tudo isso explica uma situação paradoxal, avalia Rubies: as linhas continuam em falta e os preços estão em queda.
(GJC)

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