São Paulo, domingo, 20 de abril de 1997
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Governo identifica focos de aquecimento

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA; DA REDAÇÃO

Dois setores estão com volume de vendas considerado alto pela equipe econômica: eletroeletrônicos e automóveis. Nos dois casos, as vendas estão altas porque está fácil pagar parceladamente.
Nesses dois setores o uso de componentes importados é grande, o que pressiona as importações e aumenta o déficit da balança comercial, considerado o calcanhar-de-aquiles do Plano Real.
Os dados recebidos pelo governo do setor de eletroeletrônicos mostram que a venda de refrigeradores subiu 17,15% no primeiro trimestre deste ano quando comparada com janeiro a março de 1996.
As vendas de televisões em cores aumentaram 13,32% no mesmo período, e as de lavadoras automáticas, 29,21%. Os prazos de pagamento de até 36 meses e a oferta de crédito facilitaram as vendas desses produtos, avaliam economistas do governo.
A situação se repete nos casos dos veículos. Os dados da Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores) mostram que as vendas de carros nacionais e importados aumentaram 21,1% de janeiro a março.
Foram vendidos 369,1 mil automóveis no primeiro trimestre de 1996 e 447,2 mil no mesmo período deste ano. No caso dos automóveis, o pagamento pode ser feito em até 48 parcelas mensais.
A oferta de crédito aumentou principalmente para as pessoas físicas. Segundo o BC, os empréstimos dos bancos para aquisição de bens subiram 71,8% de outubro de 1996 até 23 de março último.
No mesmo período, o total de empréstimos para pessoas físicas passou de R$ 15,37 bilhões para R$ 20,53 bilhões -alta de 33,57%.
"Ainda não é possível saber se o crescimento setorial se manterá", disse o coordenador de Política Monetária da Secretaria de Política Econômica do Ministério da Fazenda, Mansueto Almeida Júnior.
A adoção de medidas de restrição é considerada no governo uma questão de política econômica. Ou seja, a decisão final cabe ao presidente Fernando Henrique Cardoso após ouvir a equipe econômica.
Na equipe, ainda não há certeza da necessidade de medidas de restrição ao crédito porque o aquecimento não é generalizado.

Colaborou a Redação

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