São Paulo, domingo, 20 de abril de 1997
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Movimento feminista busca identidade

CARLOS EDUARDO LINS DA SILVA
DE WASHINGTON

O programa "Ellen" vai proporcionar enorme visibilidade ao movimento feminista dos EUA no momento em que ele passa pela sua terceira grande redefinição ideológica, segundo Lori Jean, uma de suas líderes nacionais.
"Depois do separatismo dos anos 70 e do alinhamento acrítico com os homens gays na década de 80, estamos em busca de uma identidade política própria, que não sabemos ainda qual vai ser", disse em entrevista à Folha.
Ela afirma que isso não significa nem retornar ao conceito de "nação lésbica" de 20 anos atrás nem romper com a colaboração dada aos homens por causa da crise da Aids. "Não podemos nos dar ao luxo de nos dividir", diz.
Mas parece haver consenso de que as lésbicas devem centrar seus esforços nos seus problemas específicos. Por exemplo: é mais importante para elas do que para os homens homossexuais lutar por leis em favor da "parceria doméstica" ou do casamento homossexual porque, como os salários femininos ainda são menores que os masculinos nos EUA, a união de dois rendimentos é essencial para uma vida mais confortável.
Como há mais lésbicas mães do que homens gays pais, a bandeira pelo direito dos homossexuais criarem seus filhos também tem prioridade maior para elas.
Norah Vincent, outra lésbica proeminente, diz que o movimento deve buscar a "normalidade". "Se as lésbicas realmente querem direitos iguais e tratamento igual, elas devem entrar no mundo real e lutar primeiro pela sua humanidade e depois pela sua opção sexual", afirma. "Isso significa não esconder sua condição nem se conformar em ser segregada."
É, mais ou menos, o que Ellen DeGeneres diz que pretende de seu personagem. "Ellen não vai sair por aí atrás de parceiras nem vai se tornar uma pregadora lésbica. Ela vai continuar sua vida, integrada, com seus amigos, seu emprego. Mas não vai esconder mais o fato de que ela é homossexual."
Um dos casos que o movimento lésbico quer tomar como bandeira é o de Sherry Barone, de Filadélfia (Costa Leste), que há dois anos luta na Justiça para colocar na lápide do túmulo de sua amante a inscrição "Cynthia Friedman, amada parceira de vida".
(CELS)

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