São Paulo, domingo, 20 de abril de 1997 |
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Pequenas rachaduras provocaram o naufrágio
PAULO HENRIQUE BRAGA
O navio naufragou por causa de seis pequenos buracos no seu casco, produzidos pelo impacto com o iceberg no Atlântico Norte. "As conclusões foram basicamente as mesmas da investigação feita em 1912", disse à Folha o engenheiro naval David Livingstone, do estaleiro Harland and Wolf, em Belfast (Irlanda do Norte), onde o navio foi construído. A hipótese de que o Titanic afundou por causa de estragos relativamente pequenos já havia sido sugerida com base na avaliação de Edward Wilding, engenheiro naval da Harland and Wolf que estava a bordo do navio. A visão mais fantástica de que só uma rachadura de grandes proporções poderia provocar o naufrágio acabou prevalecendo, porém, por causa da dimensão que o desastre assumiu junto à opinião pública e à mídia na época. Livingstone fazia parte da equipe de especialistas que visitou o local do naufrágio do Titanic em agosto e setembro do ano passado. Um documentário sobre o trabalho da expedição foi exibido pelo canal de televisão a cabo Discovery. Inundação Para que o navio tivesse afundado em pouco mais de duas horas e meia, o suposto buraco de 100 metros de comprimento teria de ter pouco mais de 2 cm de largura. Logo após o impacto com o iceberg, Wilding desceu até os compartimentos do navio e verificou o início da inundação em seis deles, na parte dianteira. Cheios de água, os compartimentos desequilibraram o navio e provocaram o naufrágio. Investigações com o uso de sonar, feitas pela primeira vez no Titanic pelo grupo de especialistas, concluíram que a soma do tamanho dos seis buracos não é superior a 1 m2. Além disso, a expedição concluiu que, com o peso na parte da frente, o navio se partiu em dois antes de atingir o fundo do mar, a 4.000 m de profundidade. A expedição foi formada por cientistas, engenheiros, historiadores e biólogos, da França, dos Estados Unidos e do Reino Unido. Um dos objetivos do grupo era trazer à tona um pedaço de 20 toneladas do naufrágio à tona, mas a tentativa fracassou. A idéia era levar o resto da carcaça para Nova York, completando, simbolicamente, a viagem do Titanic 85 anos depois. A expedição conseguiu, porém, trazer um pequeno pedaço de aço do Titanic. Fragmentos do material foram submetidos a testes em um laboratório de metalurgia. A conclusão foi que havia impurezas no aço, o que, aliado à baixa temperatura da água no Atlântico Norte, contribuiu para diminuir sua resistência. Apesar disso, todos foram unânimes em afirmar que o Titanic foi construído com o material de melhor qualidade disponível na época. (PHB) Texto Anterior: TRECHOS Próximo Texto: Livro ensina preparo do último jantar Índice |
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