São Paulo, domingo, 20 de abril de 1997
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O que faz você dizer sim?

TATIANA REZENDE

Coisas simples, como um bilhete achado na bolsa, influenciam a decisão das mulheres
As entrevistadas dessa semana foram a administradora de empresas Sandra Lúcia Rosa, 38, as relações públicas Cristiane Juvêncio, 31, e Lica Ribeiro, 34, as três divorciadas, e a empresária Rosely Brancaglione, 34, solteira.
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Revista - O que faz uma mulher dizer sim: o papo, o perfume, um convite para um jantar à luz de velas...
Lica - Eu sou muito exigente, então, acho que é tudo, é um "pacote".
Cristiane - Eu já acho que nunca se deve falar sim. É sempre "não". Para chegar no "sim", tem de ter aquela receptividade, aquela coisa de pele, olhos...
Rosely - O que me faz dizer sim, o que eu não resisto, é a originalidade e a criatividade. Já recebi um convite para jantar com flores virtuais pela Internet. É o óbvio de forma criativa e original. A mesmice já não me convence mais. Aquela coisa de conhecer o cara, ele levar para jantar, a gente sair para dançar e depois dar um "treps" não me dá tesão.
Sandra - Tem de ser um ritual.
Revista - O que faz parte desse ritual?
Sandra - O beijo, o cheiro, o bom papo, dentes bonitos, hálito gostoso...
Cristiane - Tem de ser aquela coisa glamourosa: para acontecer, tem de ser de cabeça. Não é aquela coisa do "vamos que vamos". Sempre quem escolhe o homem é a mulher, quem diz o sim é a mulher. O cara que está procurando alguém para se relacionar tem medo.
Sandra - Tem medo de mulheres como nós, independentes.
Cristiane - Mas se você chegar nele e falar: "Eu quero", aí ele vai.
Revista - O que você olha primeiro?
Lica - Eu sou bem criteriosa. Olho muito a elegância. Mas, se abrir a boca e falar besteira...
Sandra - Se falar assim: "Você fala 'ingrês'?", aí não dá.
Revista - As condições materiais também influem?
Lica - Não é o dinheiro. Mas eu não vou me relacionar com alguém que tenha menos do que eu consegui na vida.
Revista - Já aconteceu de vocês saírem sem nenhum plano e ele fazer algo diferente que acabou por conquistá-las?
Rosely - Saí uma vez com uma pessoa que, num determinado momento da noite, se abriu. Mulher é materna. Ele acabou ganhando. Foi uma coisa carinhosa.
Cristiane - Uma vez uma pessoa chegou para mim e falou: "Eu te vejo e te admiro há quatro meses". Mas ele nunca tinha chegado até mim. Isso me pegou.
Lica - Sabe uma coisa que me seduziria? Robert Redford. Achei aquilo a maior sedução do mundo. Não foi por US$ 1 milhão, mas porque ele queria aquela mulher. Ofereceu US$ 1 milhão, mas também um vestido preto que a deixou maravilhosa.
Revista - O exagero atrapalha?
Cristiane - Sim. A coisa tem de ter charme, tem de ser difícil.
Revista - O que seria legal ele fazer na primeira semana para te conquistar?
Cristiane - Você conversar com ele a noite toda e nada. Aí, chegar em casa de madrugada e encontrar um bilhete que ele colocou na tua bolsa.
Rosely - Conheci um cara numa viagem. A gente marcou de almoçar, mas não deu certo porque me atrasei em uma reunião e tive de pegar o avião correndo. Entrei no avião para São Paulo, quando cheguei no aeroporto, ele já estava lá me esperando havia duas horas. Conclusão: ele gastou tempo e dinheiro, mas foi bem recompensado. Não fui direto para a casa, fiz uma escala.
Cristiane - Para mim é tudo fantasia. Hoje em dia as coisas estão sem graça. Essa coisa de falar "sim" toda hora, vai lá, deita e dorme, e depois um abraço, não satisfaz.
Lica - Você primeiro tem de ferver a água para depois beber o chá. Um relacionamento é isso.

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