São Paulo, segunda-feira, 21 de abril de 1997
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França já vive clima de eleição antecipada

MARTA AVANCINI
DE PARIS

A expectativa da antecipação das eleições legislativas na França, previstas para março de 98, instaurou um clima de campanha eleitoral no país.
O presidente Jacques Chirac deve anunciar hoje, em pronunciamento oficial na TV, se vai ou não dissolver a Assembléia Nacional (órgão que equivale à Câmara dos Deputados no Brasil).
A dissolução, cujo anúncio é dado pela imprensa e pela oposição, é o primeiro passo para a realização das eleições. Se a antecipação se confirmar, as eleições devem ocorrer entre 25 de maio e 8 de junho.
Ontem, Chirac passou o dia reunido com lideranças políticas para discutir o assunto.
A Constituição francesa dá ao presidente da República o direito de dissolver a Assembléia Nacional, se considerar necessário.
Desde 1958, quando a atual Constituição entrou em vigor, a Assembléia Nacional já foi dissolvida quatro vezes em situações de crise social ou institucional, o que não ocorre atualmente.
Motivo
Agora, a medida seria uma estratégia política para ampliar a base de sustentação do governo no Legislativo. O objetivo é criar condições para ajustes econômicos.
Esses ajustes seriam necessários para que a França atenda aos critérios do Tratado de Maastricht -que determinam que países poderão participar da união monetária européia, prevista para 1999.
O ministro da Indústria, Franck Borokra, disse ontem, em entrevista a uma rádio, que os compromissos que a França terá de enfrentar nos próximos meses justificam a antecipação das eleições.
A afirmação é uma referência ao fato de o país ter de atingir, até o final do ano, metas como manter o déficit público em 3% do PIB (Produto Interno Bruto).
Dados extra-oficiais do Ministério das Finanças, divulgados na semana passada, prevêem um déficit de 3,7% em 97. Esse desempenho poderia impedir a França de participar da unificação monetária.
Campanha
Na manhã de ontem, alguns candidatos e cabos eleitorais fizeram panfletagem em Paris.
O candidato socialista Jean-Marie Le Guen, que distribuiu material de propaganda em uma feira, disse que "não quer perder tempo, já que a campanha será curta".
O primeiro-secretário do Partido Socialista, Lionel Jospin, disse ontem na TV que a discussão em torno da antecipação das eleições revela o "medo do fracasso".
"O governo teme perder espaço político com medidas impopulares", disse Jospin.
Já o deputado Jacques Baumel, do RPR (partido do governo), vê na antecipação das eleições uma "economia de nove meses".
Pesquisa publicada ontem pelo "Le Journal du Dimanche" aponta que 59% dos franceses apóiam a antecipação das eleições e que 38% são contra.

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