São Paulo, segunda-feira, 21 de abril de 1997
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O NOVO DESAFIO DA AIDS

A Aids, apesar dos grandes avanços obtidos no campo da prevenção e do controle da doença, ainda é um problema bastante preocupante de saúde pública, como mostrou ontem o caderno Mais!.
À descoberta do vírus HIV, no início dos anos 80, seguiu-se uma grande onda de preocupação com a disseminação da moléstia. Esse temor teve o efeito salutar de despertar a sociedade e as autoridades de saúde para a importância de medidas profiláticas.
Os efeitos não tardaram a surgir, primeiro nos países do Primeiro Mundo e depois também nas nações em desenvolvimento. Sangue e hemoderivados passaram a ser rotineiramente testados contra o HIV. Campanhas de conscientização alertando para a necessidade do uso de preservativos nas relações sexuais foram amplamente divulgadas. O número de pessoas infectadas pelo vírus foi se estabilizando, exceto na África, onde a doença é pandêmica.
No campo do controle da doença, as novas combinações de drogas, que atuam em diferentes estágios do desenvolvimento do vírus HIV, têm trazido resultados animadores em termos de sobrevida e qualidade de existência do paciente.
Esses resultados, ainda preliminares, não autorizam porém a falar numa cura para uma doença que, dentro de conceitos médicos, permanece fatal. Infelizmente, as boas notícias em relação à incidência e ao controle da doença podem ter levado a um relaxamento na prevenção.
De acordo com dados do Instituto de Prevenção da Aids de Harvard, os jovens norte-americanos estão descuidando da profilaxia: 63% dos alunos do último ano ginasial com vida sexual ativa não usam preservativos; 25% dos adolescentes entre 13 e 19 anos já foram infectados por alguma doença sexualmente transmissível. O fato de esses jovens não terem vivido a chamada paranóia dos anos 80, apontam alguns pesquisadores, pode ter contribuído para esse descaso potencialmente perigoso.
A moral da história é que, por maiores que sejam os progressos, centrar esforços na prevenção, de forma clara, objetiva e talvez até bastante incisiva ainda é a melhor solução para o problema, seja em termos de saúde pública seja em termos econômicos.

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