São Paulo, quarta-feira, 23 de abril de 1997 |
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Preços caem apesar do Dia das Mães
FÁTIMA FERNANDES
Tradicionalmente, a indústria e o comércio costumavam aproveitar esta época, marcada pelo aumento da demanda, para recompor margens de lucro. Neste ano, os altos estoques estão provocando uma guerra de preços em duas frentes: nas indústrias e nas lojas. O valor de alguns produtos despencou. Alguns descontos Um forno microondas com capacidade para 31 litros, que custava, em média, R$ 339 à vista, em dezembro do ano passado, é comercializado hoje por R$ 239. Houve uma redução, portanto, de 27,3% no período. Um televisor em cores de 20 polegadas com controle remoto, que custava, em média, R$ 429 à vista no final do ano passado, já é encontrado por R$ 379. Nesse caso, o preço caiu 11,6%. "O fato é que as vendas não deslancharam neste ano. A superoferta de produtos está provocando a queda de preços", diz Michael Klein, diretor da Casas Bahia. Ele conta que vendia, por exemplo, um televisor Philco de 20 polegadas, com controle remoto, por R$ 458 à vista, em janeiro. Agora, esse mesmo produto custa R$ 418 na sua rede de lojas. Houve uma queda de 8,7%. No passado, diz, a produção da indústria quase sempre não acompanhava o aumento de demanda do comércio no período. Com os investimentos feitos nas fábricas nos últimos anos, diz, a oferta chega, em alguns casos, a ser até maior do que a procura. Luvirto Bernasconi, diretor da Lojas Bernasconi, que está há 30 anos no comércio, diz que sempre presenciou nesta época a suspensão das promoções e descontos. "Neste ano vemos o inverso. O consumidor está sendo superfavorecido pela concorrência acirrada dos fabricantes e das lojas." Queda até nominal A Federação do Comércio do Estado de São Paulo fez uma pesquisa de preços com dez produtos eletroeletrônicos e constatou que quatro deles estão mais baratos do que há um ano. Pelo levantamento feito na segunda semana de abril, o preço do ferro elétrico de passar roupa, por exemplo, caiu 22% na comparação com igual período do ano passado. No caso do aspirador de pó, a queda de preço verificada foi de 4%. Máquina de lavar roupa e liquidificador apresentaram redução de preço de 1% no período. "E os produtos que registraram aumentos de preços -de 2% a 9%- não acompanharam sequer a inflação", diz Mônica Hage, economista da federação. Para ela, além de a disputa entre os lojistas estar superacirrada, o que está propiciando a redução de preços são as parcerias entre lojistas e fabricantes. "As negociações com os fornecedores nunca estiveram tão fáceis", diz Bernasconi. Ele diz que, por conta dessa facilidade, o estoque para o Dia das Mães está 30% maior do que o do ano passado. A expectativa da rede é faturar em maio 20% mais do que em igual período de 96. Estabilidade em abril O Magazine Luiza prevê para o Dia das Mães venda de 8% a 10% maior do que a de 1996, segundo Eldo Moreno, diretor. Consulta feita pela federação paulista junto a lojistas mostra que as vendas neste mês estão estabilizadas. Para a economista Mônica, esse é até um bom sinal para o comércio porque em março o consumo mostrou-se em queda. Próximo Texto: Comércio intensifica descontos e promoções Índice |
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