São Paulo, quarta-feira, 23 de abril de 1997 |
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'Casamento' reúne jovens
NELSON DE SÁ
Está presente na montagem o humor rasgado e bem conhecido do diretor Antônio Abujamra, mas o que impressionou mais talvez tenha sido o inesperado apuro formal, o depuramento da interpretação. O encenador reuniu um elenco jovem, nada menos do que 25 atores, e desenhou um a um nos personagens mais típicos de Nelson Rodrigues. É a adaptação de um romance, de mesmo título, mas não difere em nada do que se conhece do dramaturgo. Foi proibido, com argumentos cômicos como o de que trazia "a desmoralização do casamento" e "a subversão de nosso sistema de vida cristão e democrático", em pleno regime militar. Material mais do que adequado nas mãos do abusado Abujamra, com o seu acúmulo de frases, das "one-liners" do dramaturgo, também os incestos, a libido à solta, as jovens colegiais. "Todos somos leprosos", anuncia um personagem à platéia, a avisar que a caricatura do palco não está distante de ninguém. Na trama, o "homem de bem" Sabino Uchôa Magalhães prepara, contra a vontade, o casamento de um jovem "pederasta" com Glorinha, sua filha, com quem tem uma ligação incestuosa. Nelson Rodrigues se dizia um moralista, o que possivelmente se perdeu, em parte, na montagem "dionisíaca". Mas o que se ganhou também não foi pouco. (NS) Texto Anterior: 'Carteiro' chega ao palco Próximo Texto: Filha de Prestes aponta erros em filme Índice |
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