São Paulo, quinta-feira, 24 de abril de 1997
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BC divulga por engano relatório que prevê desvalorização do real

Documento não traz posição oficial do banco, diz diretor

SÔNIA MOSSRI; CARI RODRIGUES
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O Banco Central prevê uma desvalorização do real em relação ao dólar de 7% em 97, mantidas as condições atuais da economia. A projeção consta de documento reservado do BC, que foi divulgado ontem por engano.
A estimativa de desvalorização cambial é compatível com uma expectativa de inflação anual, em 97, entre 6% e 8%, que também consta do documento "Operações de Crédito", de março de 97.
O vazamento do documento obrigou o diretor de Normas do BC, Alkimar Moura, a dar entrevista no início da noite.
Ele afirmou que o relatório é apenas "um estudo interno do BC" e não mostra um compromisso oficial da instituição com a desvalorização de 7%.
"Isso é um estudo preliminar para uso interno. Não pode ser entendido como uma posição oficial do Banco Central sobre política cambial", afirmou.
O chefe do Deasf (Departamento de Estudos e Acompanhamento do Sistema Financeiro), Ronaldo Paiva, responsável pelo documento, disse que o texto foi encaminhado por engano à assessoria de imprensa do BC.
Segundo Paiva, o documento, enviado à assessoria no início da tarde, seria uma simulação de estudos que posteriormente poderiam ser distribuídos à imprensa.
O BC só percebeu que informações consideradas sigilosas haviam sido divulgadas após telefonemas de banqueiros para a direção do banco.
A análise do BC mostra a preocupação do governo com o aumento do consumo. Apenas em março, o volume de crédito direcionado às pessoas físicas registrou alta de 2,92% em relação ao mês anterior.
Em março, o volume de crédito para as pessoas físicas alcançou R$ 20,3 bilhões. Apenas o cheque especial registrou um aumento de 3% em fevereiro.
Regulamento
O BC alterou ontem o regulamento do mercado de câmbio flutuante, adequando-o às normas já existentes e em vigor, na prática, desde dezembro do ano passado.
Segundo a técnica Zilma Souza, o BC "apenas limpou do flutuante dois itens que já tinham passado para o mercado livre (comercial)": parcelas com atraso superior a 180 dias e investimentos brasileiros no exterior em ações emitidas por empresas do Mercosul.

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