São Paulo, sábado, 26 de abril de 1997
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REPERCUSSÃO

Rui Otávio Bernardes de Andrade, 47, presidente do Conselho Federal de Administração e da Comissão de Especialistas de Ensino de Administração do Ministério da Educação - "Isoladamente, o provão não tem valor nenhum. O que daria condições de avaliar a qualidade do ensino é analisar o nível de um conjunto de instrumentos: além do desempenho dos alunos, também o corpo docente, a aceitação dos egressos das faculdades pelo mercado, a infra-estrutura de cada escola (laboratórios, bibliotecas, instalações) e o modelo de gestão de cada instituição. Precisamos checar se as faculdades se orientam pela educação ou pelo mercantilismo."

Odete Medauar, vice-diretora da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo - "É uma avaliação parcial, que tende a punir só o aluno, não a instituição, no momento em que ele vai procurar um emprego depois de sair de uma faculdade com conceito baixo. Além disso, dá para deduzir que, dentro de um mesmo conceito, há uma grande oscilação de médias. Fico satisfeita que a USP esteja entre as melhores, ela tem bom padrão de ensino, apesar de, hoje, haver muita luta para manter as escolas públicas. Elas remuneram mal os professores e há poucos recursos para adquirir material."

Edson Franco, 59, presidente da Associação Brasileira de Mantenedoras do Ensino Superior - "Não tinha dúvida de que haveria uma superação das escolas públicas sobre as privadas, que são mais recentes e a qualificação do corpo docente é menor. O gasto com o ensino público é maior do que com o particular. Se o governo não quer investir no ensino privado, então pelo menos que não fique regulando a cobrança de mensalidades com medidas provisórias. Acho que é hora de as universidades públicas e privadas darem as mãos. Essa rivalidade é coisa ultrapassada."

Otávio Tomelin, 52, diretor-executivo da Associação Nacional das Universidades Particulares - "Se a faculdade pública está melhor, isso obriga a particular a se reequipar e rever seus processos de ensino. Senão, pode sucumbir. Mas prefiro analisar melhor os dados do exame para saber se as conclusões do governo estão corretas."

Alain Florent Stempfer, 55, diretor da Escola de Administração de São Paulo (Fundação Getúlio Vargas) - "As baixas médias se devem à maneira como o aluno encarou o provão. Como não havia nota mínima, eles estavam descomprometidos, foram sem estudar, só por obrigação. Não há processo de avaliação perfeito. Mas isso não quer dizer que não se deva fazer a avaliação. Ela é necessária para o país."

Paulo Luís Netto Lobo,47, presidente da Comissão de Ensino Jurídico do Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil - "O resultado mostra que as escolas que proliferaram da década de 70 para cá com intuito apenas lucrativo não lograram êxito. Havia a idéia de que o curso de direito não precisava de investimentos, bastava a saliva barata dos professores. Isso não é verdade, ele requer altos investimentos no recurso humano. O grande salto positivo do provão foi provocar, na sociedade, uma discussão sobre a necessidade de avaliar o ensino superior. Foi um primeiro passo. Agora, podemos partir para uma avaliação global, completa."

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