São Paulo, sábado, 26 de abril de 1997
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Músico reconhece PMs que o agrediram na favela Naval

FÁBIO ZANINI
DA AGÊNCIA FOLHA, NO ABCD

O músico Sílvio Calixto Lemos reconheceu ontem três PMs que o agrediram na favela Naval, em Diadema (Grande SP), em 2 de março. Lemos prestou depoimento durante uma hora e 20 minutos à juíza Maria Conceição Vendeiro, no Fórum da cidade.
Ele não soube dizer qual PM deu um tiro em sua direção e reconheceu o PM Nelson Soares da Silva Júnior como o autor dos golpes de cassetete dados atrás de uma parede na rua Naval. Segundo ele, o cassetete usado para agredi-lo foi entregue a Júnior pelo PM Otávio Lourenço Gambra, o Rambo.
Foi reconhecido por Lemos o PM Rogério Neri Bonfim, que deu um tapa em seu rosto. O músico disse que após o espancamento, Júnior mandou que corresse. "Depois ouvi um tiro que atingiu a parede em que eu estava."
Também depuseram quatro ocupantes de uma Brasília que passava pela rua Naval naquela noite. Cristiano Caires e Roberto Sanchez disseram ter sido agredidos pelo PM Rogério Neri Bonfim.
José Edson da Silva disse que foi obrigado a abaixar as calças por ordem de um PM. Silva não soube dizer quem era o PM. José Márcio de França reconheceu quatro PMs que o teriam agredido.
O promotor José Carlos Blat disse que o depoimento de Lemos foi "contundente". O advogado Arcides Zanatta, um dos que defendem os PMs, disse que o depoimento de Lemos "não tem credibilidade". "Caiu em contradição, principalmente ao dizer que nunca havia escutado um tiro antes daquele dia."
Segundo Zanatta, isso significa que Lemos não tem condições de garantir que um disparo teria sido feito em sua direção. Os PMs também deverão ser apontados como responsáveis por prevaricação. Segundo Blat, eles foram omissos ao revistar Cristiano Caires, que dirigia sem carteira de habilitação.

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