São Paulo, sábado, 26 de abril de 1997
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Mãe confessa que ossos são dos filhos

LUCILA GUEDES
FREE-LANCE PARA A FOLHA

A dona-de-casa Cristina Freitas confessou ontem que as ossadas enterradas no quintal de sua casa, no bairro do Feital, em Pindamonhangaba, são de seus dois filhos adolescentes.
Segundo a polícia, os dois foram mortos por Cristina e por Antônio Vicente Ferraro, seu ex-namorado, em outubro de 96, possivelmente por estrangulamento.
Cristina foi indiciada ontem por homicídio doloso -cometido com intenção de matar. Ela está presa na cadeia de Pinda.
A dona-de-casa nega a autoria do crime. Ela e seu ex-namorado, conhecido como Toni, trocam acusações sobre quem teria matado Gabriel de Freitas, 11, e Daniel de Freitas, 16.
Ferraro foi preso anteontem em São Paulo e transferido para a cadeia de Taubaté -onde está isolado dos outros detentos.
A morte dos dois começou a ser desvendada com a descoberta, por acaso, no dia 13 de abril, de uma ossada humana no quintal da casa de Cristina, alugada em março para a dona-de-casa Isabel Rocha.
A segunda ossada foi achada anteontem enterrada em uma fossa.
Vizinhos da casa disseram ontem à Folha ter ouvido gritos dos garotos e barulho de pás escavando o terreno. Eles não avisaram a polícia porque temiam represálias.
Cristina e Ferraro têm versões diferentes para o crime.
A dona-de-casa acusa o ex-namorado pelas mortes. Ela disse que Ferraro matou Daniel depois de uma briga com o menino.
"Eu desmaiei durante a briga. Quarenta minutos depois, ele me chamou e mostrou o corpo do meu filho, estrangulado no quarto", disse.
Segundo ela, o corpo ficou 24 horas no quarto antes que o ex-namorado e Gabriel o enterrassem no quintal da casa. "Gabriel foi morto dois dias depois."
Após os crimes, Cristina passou a viver com o ex-PM Carlos Alberto Correia da Silva, 44 -não localizado pela Folha. "Ele não se interessava por meu passado."
Amigo
Ferraro nega ter matado os filhos de Cristina. "Eu adorava os meninos. Eles me chamavam de pai."
Ferraro afirma que, no dia do assassinato, dois homens entraram na casa para cobrar uma dívida de tráfico de Cristina.
"Com uma automática apontada, um deles falou que parte da dívida seria ela matar Daniel."
"Ela o asfixiou com a mão e logo depois o enterrou na casa."
Segundo Ferraro, Gabriel foi morto pela mãe dois dias depois, por medo de ele procurar a polícia.
O resultado dos exames feitos por legistas de Pinda confirmou que as ossadas são de adolescentes do sexo masculino, com a idade dos filhos de Cristina.

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