São Paulo, sábado, 26 de abril de 1997
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Gastrite pode cancelar julgamento

DA SUCURSAL DO RIO

O julgamento de Paulo Roberto Alvarenga corre o risco de ser cancelado a qualquer momento por causa da crise de gastrite que sofre a jurada Norma Pessanha Teixeira, 52. Alvarenga, 38, é o primeiro acusado pela chacina de Vigário Geral, na zona norte do Rio, a ir a julgamento. Em 30 de agosto de 1993, 21 pessoas foram chacinadas na favela por 50 encapuzados.
A gastrite da jurada se manifestou às 5h de ontem, quatro horas após o juiz José Geraldo Antônio ter interrompido para descanso o júri iniciado às 14h20 da véspera.
Funcionários do 2º Tribunal do Júri que dormiam em dependências vizinhas às dos jurados foram acordados por gritos. Era Norma quem gritava, queixando-se de dores fortíssimas na barriga.
Atendimento
Os serventuários acordaram o juiz, que pediu ajuda ao Corpo de Bombeiros. Em 30 minutos, dois médicos da corporação chegaram ao fórum.
O exame médico diagnosticou uma crise de gastrite. Apesar de ter sido medicada, até as 11h ela continuava com dores.
Por causa do estado de saúde da jurada, o juiz retardou o reinício do julgamento por quase três horas. O júri deveria ter recomeçado às 9h. O reinício só aconteceu às 11h45.
A alguns assessores, o juiz disse temer pela continuidade do julgamento, que, se não for cancelado, só deverá terminar amanhã.
Se as dores sentidas por Norma voltarem a se manifestar, impedindo-a de exercer a função de jurada, o juiz terá que dissolver o júri e cancelar o julgamento.
Durante todo o segundo dia de julgamento o juiz esteve atento à jurada, que aparentava abatimento. O dia foi marcado pela leitura da transcrição de fitas gravadas clandestinamente em carceragens onde estiveram presos alguns dos 51 réus do processo.
Xingamento
A leitura foi pedida pela defesa de Alvarenga. O teor das gravações incrimina o acusado na chacina. Segundo a defesa, as fitas são fraudulentas.
A leitura das transcrições, que durou cinco horas e 30 minutos, divertiu quem acompanhava o julgamento. Repletos de palavrões, os diálogos foram lidos pela chefe do cartório do 2º Tribunal, Tânia Rodrigues, e pelo oficial de Justiça Jorge Mirres.

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