São Paulo, sábado, 26 de abril de 1997
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Suassuna recebeu influência

XICO SÁ
DA REPORTAGEM LOCAL

O repente e a literatura de cordel têm origem na poesia medieval ibérica. Chegaram ao Brasil e têm a sua marca impressa tanto em Guimarães Rosa como nos versos abissais do compositor Tom Zé.
O diretor de cinema Glauber Rocha, principalmente em "Deus e o Diabo na Terra do Sol", também emprestou traços dessa literatura, como anota o pesquisador Assis Ângelo, autor de vários livros sobre cultura popular.
Mas ninguém se aproveitou tanto dos repentes e cordéis como o escritor, teatrólogo e atual secretário da Cultura de Pernambuco, Ariano Suassuna.
Seus livros, como "A Pedra do Reino", e peças, como "Uma Mulher Vestida de Sol" e "Auto da Compadecida", devem muito à cultura dos poetas sertanejos.
Suassuna, segundo Assis Ângelo no livro "Presença dos Cordelistas e Cantadores Repentistas em São Paulo", se "inspirou" em folhetos do poeta Severino Milanês da Silva para escrever "Uma Mulher Vestida de Sol", de 1947.
Mas o poeta do gênero mais querido por Suassuna, como ele mesmo reconhece, é o paraibano Leandro Gomes de Barros (1865-1918), uma espécie de Pelé do cordel, autor de mais de mil folhetos vendidos até hoje em cidades que mantêm tradição no gênero, como Juazeiro do Norte (CE).
O enxuto poeta pernambucano João Cabral de Melo Neto também se valeu do ritmo e da dicção do cordel como fonte para "Morte e Vida Severina".
(XS)

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