São Paulo, sábado, 26 de abril de 1997
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Surpresa desagradável; Oportunismo malufista; Nova polícia; A serviço da vida; Em defesa de Campos; Vôo 402; Resgate no Peru; Crime e castigo

Surpresa desagradável
"De vez em quando ainda somos surpreendidas por anúncios publicitários que reproduzem estereótipos e reforçam atitudes preconceituosas ou machistas.
Deparamos no dia 24/4 com um anúncio publicado na primeira página da Ilustrada, cujo bordão é: 'Assédio só é crime quando o homem é feio'.
Estamos entrando com uma representação junto ao Conar. Propagandas como essa demonstram insensibilidade com o tempo em que vivemos, nos quais os direitos da cidadania em geral, e das mulheres em particular, têm tido na sociedade e no Parlamento uma intensa discussão, com a aprovação de leis que tornam mais justa a situação das mulheres no Brasil."
Marta Suplicy, deputada federal pelo PT-SP (Brasília, DF)

Oportunismo malufista
"No dia 24 de abril a Secretaria Municipal de Cultura de São Paulo promoveu cerimônia de atribuição, a uma de suas dependências, do nome do jornalista Cláudio Abramo, morto há pouco menos de dez anos.
A iniciativa parte de representantes de um projeto político que meu pai execrava, e do qual, quando em vida, jamais teria aceito receber homenagens.
Se tal incompatibilidade fosse desconhecida do sr. secretário da Cultura, talvez se pudesse afirmar dele que agiu de boa-fé.
Não é o caso, porém: o sr. secretário pode ter trocado de lado, mas é impossível crer que, junto com a compostura, tenha perdido também a memória.
A 'homenagem' não serve à lembrança de meu pai, mas ao oportunismo daqueles aos quais o sr. secretário aderiu.
Por isso, deve ser recusada por todos quantos tenham algum respeito pelo que Cláudio Abramo representou."
Cláudio Weber Abramo (São Paulo, SP)

Nova polícia
"O Sindicato dos Delegados de Polícia do Estado de São Paulo apóia a iniciativa do governador de reorganizar a polícia.
De há muito este sindicato pleiteia as mudanças, inclusive já tendo entregue ao senhor secretário da Segurança Pública proposta minuciosa criando a chamada 'Polícia Comunitária'.
É descobrir o óbvio. Se a Polícia Civil é a responsável por todas as investigações, torna-se claro que é ela quem pode melhor definir a atuação do policiamento ostensivo fardado.
Esperamos que o governo federal não deixe a proposta perder-se nos organismos burocráticos onde se aglomeram tecnocratas, no mínimo inexperientes, impedindo a sociedade paulista e brasileira de ter uma polícia voltada à segurança do cidadão, e impedindo que o país caia nas mãos do crime organizado."
Paulo Roberto Siquetto, presidente do Sindicato dos Delegados de Polícia do Estado de São Paulo (São Paulo, SP)

A serviço da vida
"O presidente Fernando Henrique Cardoso quer que a CNBB cuide do 'espírito' e não do 'corpo'.
É isso que dá para entender de sua afirmação ao achar que o processo da privatização da Vale e o acompanhamento da votação da reeleição 'não são para a CNBB'.
A igreja no Brasil e no mundo tem que estar a serviço da vida, e tomar posições é estar a serviço da vida. O nosso presidente e sociólogo precisa olhar no espelho e se perguntar: será que meu mandato está a serviço da vida?"
Aguinaldo Luiz de Lima, coordenador-executivo do Clasp -Conselho de Leigos da Arquidiocese de São Paulo (São Paulo, SP)

Em defesa de Campos
"Diz Clóvis Rossi: 'Roberto Campos participou e apoiou brutal intervenção do Estado na vida de cidadãos e não criticou a censura e a tortura'.
1) A brutal intervenção do Estado se deu no governo Geisel. Campos, como funcionário do Itamaraty, estava em Londres.
2) No período 64/67 havia liberdade inédita. É só consultar a Folha e canais de TV. Lacerda gritava na TV e nada aconteceu. Aconteceu sim quando Campos estava fora do governo.
3) Em 1984, já no Senado, Campos reclamou dos militares quando se aprovou a reserva de mercado para a informática. Isso foi um genocídio cultural para o país.
De que lado estavam FHC, Montoro, Ulysses, Brizola e Clóvis Rossi nesse caso?"
Luiz Gornstein (São Paulo, SP)

Vôo 402
"Há quanto tempo este jornal não informa sobre o laudo oficial da queda do vôo 402 da TAM? Foi só enquanto os restos estavam fumegantes?
Onde o interesse de defender a sociedade de novos desastres como aquele? Sei que todas essas chacinas devem merecer igual atenção, mas por que esquecer a anterior?
Está mais do que provado nas reportagens feitas até agora a total res(irres)ponsabilidade da TAM no episódio que tanto nos enlutou.
E ninguém diz nada quase seis meses depois do acontecido? O silêncio do jornal que só tem 'rabo preso' com o leitor é estarrecedor. Que está acontecendo, senhores?"
Flávio Araújo (Campinas, SP)

Resgate no Peru
"Não compartilho da unanimidade nacional que considera bem-sucedida e com 'poucas vítimas' uma operação de resgate na qual morrem simplesmente todos os guerrilheiros...
Será que tiveram medo que alguém pudesse contar a outra versão da história?"
Clara Sette W. Ferreira (São Paulo, SP)
*
"Os companheiros peruanos do MRTA (permitam-me chamar-lhes de companheiro, pois eu estive nas entranhas da ditadura militar e conheço a monstruosidade das prisões e das torturas) foram de uma ternura fora do comum.
Esqueceram de ser duros. Foram exterminados.
Os 'louros' foram para o ditador Fujimori. E quem me disser que o Peru não é uma ditadura me explique por que o grande escritor peruano Mario Vargas Llosa não pode entrar no país."
Marco Meyer (Belo Horizonte, MG)

Crime e castigo
"A Justiça determinou que a Editora Abril, da revista 'Veja', pague R$ 33.600 ao prefeito Pitta.
Por sua vez, o Grupo de Comunicação Três, da 'IstoÉ', também vai entrar com R$ 44.800.
Tudo isso por publicarem notícias verídicas envolvendo familiares do alcaide paulistano."
Roberto Antonio Cera (Piracicaba, SP)

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