São Paulo, domingo, 27 de abril de 1997
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Exército vai reduzir número de recrutas

RICARDO BONALUME NETO
ENVIADO ESPECIAL AO RIO

O Exército brasileiro tem uma boa notícia para os jovens de 18 anos que todo ano precisam obrigatoriamente se alistar. Mesmo sem acabar com o serviço militar obrigatório, cada vez menos haverá jovens recrutados contra sua vontade.
Isso porque um dos objetivos do Exército é aumentar a sua profissionalização nos próximos anos, de modo a ter mais de 80% de militares profissionais na tropa.
Reduzir o número de conscritos significa também aumentar a prontidão da Força para atuar rapidamente em uma emergência. O recruta só se torna um soldado eficaz no final de seu período de treinamento, quando ele ironicamente sai da tropa para a reserva e entra um novo contingente.
A profissionalização do Exército inclui também a ampliação do tempo de serviço dos militares temporários, a reestruturação das carreiras e o aprimoramento do ensino militar.
Para modernizar o treinamento, o Exército está criando este ano o Centro de Avaliação do Adestramento do Exército (CAAEx) e o Centro de Instrução de Blindados (CIB). Também se estuda a criação de um centro de simulações que reuniria simuladores eletrônicos de armas -verdadeiros videogames realistas- e faria jogos de guerra.
A profissionalização é um dos objetivos básicos dos planos do Exército para o século 21. Essas "metas estratégicas" de curto, médio e longo prazo do Exército são conhecidas como FT 2000, FT 2010 e FT 2025 -isto é, os horizontes com os quais a "Força terrestre" está sendo visualizada.
O Exército está procurando se capacitar sem gastar muito, pois não se prevê um aumento considerável de verbas. Como não é possível dotar todo o efetivo de material bélico moderno, foi criada a noção de "núcleos de modernidade" para manter pelo menos parte da Força bem equipada para que não haja "hiato tecnológico" crescente em relação aos Exércitos mais bem equipados.
A tarefa do Exército fica mais complexa por não haver ameaças definidas, internas ou externas, à segurança do país. Na concepção do Estado-Maior do Exército, exposta em uma palestra no Rio do general Roberto Jugurtha Câmara Senna, isso significa que "a Força terrestre tem de estar capacitada a cumprir qualquer missão".
Ou seja, a Força tem de ter condições de combater em todas as possíveis áreas de operações, como a selva amazônica, os campos da bacia do Prata, o Pantanal mato-grossense ou mesmo os centros urbanos.
Cada área dessas exige tropas com composições distintas. Por exemplo, os tanques (que o Exército chama de "carros de combate") têm reduzido potencial na maior parte da Amazônia, mas têm bons locais de emprego nos campos gaúchos.
Os "núcleos de modernidade" contemplados pelo Exército são a guerra eletrônica, os blindados, a aviação, o ensino, o sistema de comando e controle, e as "forças de pronto emprego" -grupos de unidades em maior grau de adestramento e prontidão, dotadas de equipamento mais moderno.
Essas forças seriam, por exemplo empregadas em missões de paz, como a que o Exército hoje participa em Angola. Também constituiriam uma elite dentro do Exército, a força de ação rápida, que poderia se deslocar rapidamente para combater um inimigo.
Essas unidades já são de certo modo profissionais, como a Brigada de Infantaria Pára-quedista. Outra tropa de elite seria a Brigada de Infantaria Leve (Aeromóvel), transportada pelos helicópteros da Aviação do Exército.

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