São Paulo, domingo, 27 de abril de 1997 |
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BEC reconhece haver falhas em operações de crédito
EMANUEL NERI
Uma dessas falhas, diz Alencar, é a dívida de R$ 21 milhões da empreiteira EIT, que executa obras para o governo de Tasso Jereissati (PSDB). Só essa dívida representa cerca de 30% dos R$ 72 milhões de patrimônio líquido do banco. Segundo o presidente do BEC, a dívida da EIT, anterior à sua gestão, já foi reduzida para cerca de R$ 14 milhões. Diz que só de juros a empreiteira pagou R$ 9 milhões -outros R$ 6 milhões foram pagos como amortização da dívida. No último dia 24, a Folha divulgou duas auditorias do BEC. Nelas, a dívida da EIT permanecia no patamar dos R$ 21 milhões. Ambas foram concluídas no final de 96, sem fazer nenhuma referência à redução daquela dívida. Antes da divulgação dessas auditorias, o procurador da República no Ceará, Francisco Macedo de Araújo Filho, recebeu representação dos funcionários do BEC com relato de irregularidades no BEC. O procurador mandou que a Polícia Federal abrisse inquérito para apurar as supostas irregularidades. Os funcionários acusam o BEC de dar empréstimos a empresas em condições vantajosas. BEC nega privilégios O presidente do BEC nega qualquer tipo de privilégio nesses empréstimos. No caso da EIT, diz que o banco não teve prejuízos com a renegociação de dois empréstimos no valor de R$ 14,7 milhões. "Não tinha sentido continuar cobrando aqueles encargos enquanto outros clientes tinham encargos menores", diz. "Apenas colocamos os encargos da dívida da EIT no mesmo patamar dos outros clientes", diz Alencar. O presidente do BEC reconhece ter havido "falhas cometidas" por uma agência do banco ao receber escritura falsa de um imóvel dado como garantia de empréstimo para a empresa Provias, que também tinha contratos com o governo. "Mas eles apresentaram documento de cartório. Não tinha como saber se o documento era falso", afirmou. "Só soubemos que quando fomos executar a dívida." Ao falir, segundo Alencar, a Provias devia R$ 2 milhões ao BEC. No caso de outra dívida de R$ 2,5 milhões, com a empreiteira GTF, Alencar afirma que ela não ocorreu em sua gestão. "O que a atual diretoria emprestou para a GTF recebeu pontualmente. A dívida original está sendo executada." Para Alencar, não cabe à Procuradoria da República investigar irregularidades no banco. "Quem tem que fiscalizar é o Banco Central." Diz que pedirá ao BC para analisar todos essas operações. Texto Anterior: Governo quer combater o 'efeito Miami' Próximo Texto: Exército vai reduzir número de recrutas Índice |
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