São Paulo, domingo, 27 de abril de 1997
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Novos remédios ajudam esquizofrênico

JAIRO BOUER
ESPECIAL PARA A FOLHA

Novos medicamentos prometem tornar um pouco mais fácil a vida das pessoas que sofrem de esquizofrenia -a mais severa e devastadora das doenças mentais.
Um único surto da doença pode fazer com que uma pessoa, que levava uma vida normal, fique com prejuízos permanentes em sua afetividade, habilidade social e capacidade produtiva. Para a esquizofrenia ainda não existe a palavra "cura", apenas "controle".
Para combater os sintomas "positivos" da doença (alucinações auditivas, delírios e comportamentos bizarros), os esquizofrênicos são obrigados normalmente a tomar remédios, conhecidos como neurolépticos, que causam efeitos colaterais desagradáveis.
Inquietação, rigidez, tremores, espasmos musculares e pobreza de expressão facial são problemas que, muitas vezes, fazem os pacientes abandonarem o tratamento. A longo prazo, existe também o risco de discinesias tardias -movimentos involuntários da boca, mãos e até do tronco.
Mário Rodrigues Louzã Neto, coordenador do Projesq (Projeto Esquizofrenia) do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da USP, explica que uma outra parte dos sintomas da esquizofrenia -chamados de "negativos" (pela incapacidade que provocam) são precariamente corrigidos pelos remédios clássicos.
O esquizofrênico perde a vontade de iniciar atividades, de se relacionar socialmente e de expressar emoções. Ele fica com o pensamento, os afetos e o discurso mais empobrecidos.
Novos remédios
Novas drogas -conhecidas como neurolépticos "atípicos"- começaram a chegar ao mercado nos últimos anos. A mais nova delas -a olanzapina- foi lançada no Brasil há duas semanas.
Eficiência na resolução tanto de sintomas negativos como positivos e raros efeitos colaterais são as principais promessas desse novo grupo de remédios.
Outras drogas como a clozapina e a risperidona também fazem parte do grupo. No entanto, pelo menos uma delas, a clozapina, pode causar problemas no sistema sanguíneo e levar a uma parada na produção de algumas linhas de células do sangue (agranulocitose).
Louzã Neto, que é autor do livro "Convivendo com a Esquizofrenia", explica que publicações científicas recentes colocam os neurolépticos atípicos ao lado de remédios clássicos como drogas de primeira linha. O maior problema dos atípicos é seu custo. O tratamento com a olanzapina pode sair entre R$ 300 e R$ 600 por mês. O custo de remédios clássicos como o haloperidol é de menos de R$ 10.

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