São Paulo, domingo, 27 de abril de 1997
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A capacidade ociosa no setor 'concreteiro'

JOSÉ AMAURY DE C. LERRO

A capacidade ociosa no setor "concreteiro" brasileiro vem apresentando significativo crescimento desde 1984 em virtude, principalmente, do aumento gradativo do número de empresas prestadoras de serviços de concretagem atuantes no mercado da construção civil.
De acordo com um levantamento realizado pela Abesc (Associação Brasileira das Empresas de Serviços de Concretagem), as cerca de 550 centrais dosadoras espalhadas por todo o país possuem, hoje, capacidade para executar um volume de concreto pelo menos 50% maior do que o registrado no ano passado.
O aumento da ociosidade do setor também pode ser justificado por outros fatores, tais como a baixa densidade demográfica do país e o preparo do concreto na obra em betoneiras estacionárias -conhecido como concreto virado em obra (CVO).
Nos grandes centros urbanos, onde a concentração de centrais mantém uma oferta maior que a procura, a ociosidade é ainda mais significativa.
Essa situação vem obrigando a desativação de algumas centrais dosadoras como forma de compensar perdas financeiras. Ocorre até mesmo a absorção de algumas dessas empresas sem condições de atuarem em um mercado altamente competitivo por outras mais bem estruturadas.
As "concreteiras" brasileiras são hoje responsáveis por 11% do consumo nacional de cimento e, estatisticamente, poderão aumentar esse índice em mais 20%.
Se esse aumento vier a se concretizar, restarão ainda significativos 30% da capacidade ociosa para serem administrados.
Acreditamos que essa fatia poderia muito bem ser absorvida pela utilização do pavimento de concreto -ou rígido, como também é conhecido.
Infelizmente, por um problema cultural, em nosso país é mais comum o uso do pavimento flexível -mais conhecido como asfalto.
O estereótipo de que o pavimento de concreto é mais caro do que o asfalto nem sempre é verdadeiro, principalmente se levarmos em consideração sua durabilidade.
Em geral, esse material dura mais de 25 anos, sem necessidade de manutenção, o que não é comum no asfalto. Não fosse isso, as estradas e vias brasileiras não estariam na grave situação em que se encontram atualmente.
É necessário que a cadeia produtiva da indústria da construção civil brasileira se conscientize da importância e da segurança que o concreto dosado em central proporciona a qualquer tipo e porte de obra.
Entre as vantagens que podemos destacar estão a inexistência do desperdício, a eliminação de estoques consideráveis, a diminuição do fluxo de caminhões de entrega de materiais na obra, a otimização da mão-de-obra no canteiro e a aceleração do ritmo da obra, o que resulta em vantajosa economia para o construtor.
Além disso, é preciso destacar a alta tecnologia que hoje é aplicada aos serviços de concretagem no Brasil, o que garante a qualidade e a durabilidade da construção.

José Amaury de Carvalho Lerro, 48, é administrador de empresas e superintendente da Abesc (Associação Brasileira das Empresas de Serviços de Concretagem).

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