São Paulo, domingo, 27 de abril de 1997
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Major ataca para tentar reverter pesquisa

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PAULO HENRIQUE BRAGA
DE LONDRES

Trabalhistas permanecem favoritos absolutos para encerrar 18 anos de poder conservador na quinta-feira

O aumento de ataques entre conservadores e trabalhistas promete aquecer o final da campanha eleitoral para as eleições de quinta-feira no Reino Unido.
A expectativa mais realista, porém, é de que o Partido Trabalhista confirme sua liderança nas pesquisas e vença.
O Partido Conservador ainda espera uma virada de última hora, estimulado com a divulgação de uma pesquisa do instituto ICM apontando queda na liderança dos trabalhistas -segundo o levantamento, a vantagem caiu de 14 para 5 pontos percentuais.
O levantamento do ICM serviu ao menos para lembrar ao partido de Tony Blair que a eleição ainda não está ganha.
No final da semana, Blair aumentou o tom de seus ataques de campanha, dizendo que, se os conservadores vencerem, vão acabar com o sistema público de aposentadorias. Major, por sua vez, disse que a afirmação é uma tentativa de "ganhar votos junto a pessoas que eles querem assustar".
Reverter a expectativa de que Tony Blair será o próximo primeiro-ministro do país, porém, parece quase impossível.
Segundo especialistas da Escola de Economia e Política de Londres, o Partido Trabalhista terá no mínimo 41% dos votos, contra 38% dos conservadores.
Mesmo que os trabalhistas não consigam votos suficientes para formar o governo sozinhos, poderão fazer uma coalizão com os Liberais Democratas.
O partido, que, segundo as pesquisas, terá entre 10% e 17% dos votos, já descartou a possibilidade de apoiar os conservadores.
Além disso, uma outra pesquisa publicada na terça-feira, mesmo dia do levantamento do ICM, mostrava um crescimento de três pontos na liderança do Partido Trabalhista. Segundo o Gallup, o partido lidera a disputa eleitoral com 21 pontos de vantagem.
Uma pesquisa divulgada ontem confirmava a liderança de Blair, com uma vantagem de 16 pontos percentuais.
Outro fator que deve decidir a eleição é a motivação do eleitorado. Sabendo estar em desvantagem, Major convocou o pleito em 17 de março -é a campanha eleitoral mais longa em 80 anos.
Teoricamente, o premiê sairá beneficiado se, por causa do desinteresse gerado por uma campanha longa demais, os eleitores resolverem não sair de casa para votar ou votem para deixar tudo como está.
Outra aposta é que a nova imagem dos trabalhistas, distanciada do operariado, vá afastar o eleitor tradicional do partido.
Durante a campanha, Major tem tentado convencer o eleitorado de que não vale a pena colocar em risco o sucesso econômico do país.
O premiê chegou a associar a trajetória dos 18 anos de governo conservador ao filme "O Paciente Inglês", de Anthony Minghella.
"Nós éramos o paciente inglês. Hoje, o Reino Unido ganha o Oscar", disse durante um comício em Londres, sem mencionar que o diretor do filme declarou seu apoio a Tony Blair.
A mensagem de continuidade da campanha conservadora foi atrapalhada desde o início pelo surgimento de escândalos sexuais e denúncias de corrupção.
Blair, por sua vez, fez uma campanha baseada em sua imagem pessoal, inaugurando um estilo "presidencial" na política local.
A mensagem do partido é que "o Reino Unido merece mais". A campanha trabalhista reconhece méritos nos 18 anos conservadores, mas quer mostrar ao eleitorado que os próprios conservadores não têm capacidade para expandir a situação de prosperidade.

LEIA MAIS sobre a eleição à pág. 28

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