São Paulo, domingo, 27 de abril de 1997
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Blair troca socialismo por pragmatismo

PAULO HENRIQUE BRAGA
DE LONDRES

O manifesto do Partido Trabalhista, divulgado no início da campanha, não menciona o termo socialismo. Muito diferente do documento de 1983, ano em que Tony Blair foi eleito deputado pela primeira vez.
Na época, não só o socialismo era um termo sagrado, como o partido tinha em sua plataforma o desarmamento nuclear total e a oposição aos laços do Reino Unido com a União Européia.
Os resultado da eleição, com os conservadores obtendo uma maioria de 146 cadeiras, levou os trabalhistas a perceber que, se quisessem voltar ao governo, teriam de mudar.
Vieram mais duas derrotas, e Tony Blair chega como favorito para vencer no dia 1º com a convicção de que "ou o Partido Trabalhista é o partido do governo, ou não é nada".
Blair assumiu a liderança dos trabalhistas após a morte de John Smith, em maio de 1994, de ataque cardíaco. Antes, em 92, havia sido nomeado secretário do Interior no gabinete paralelo da oposição.
Com seu apelo direcionado para a classe média, Blair soube perceber a mudança econômica, que ele admite ter sido positiva, ocorrida no Reino Unido durante os anos 70 e 80.
Naquele período, a classe operária, eleitorado seguro dos trabalhistas, foi reduzida numericamente, com o aumento do número de profissionais mais qualificados no mercado de trabalho.
Parte da estratégia também é se livrar da imagem de assistencialista. Para o "novo trabalhismo", se um governo tiver de gastar muito com seguridade social, isso é sinal de fracasso, não de sucesso.
Desde que assumiu, ele também colocou em prática uma campanha para aumentar o número de filiados. A consequência mais sensível é que o peso dos sindicatos, temidos pela possibilidade de organizar greves, é menor.
Outro trunfo do partido tem sido uma grande reformulação de imagem. A rosa vermelha continuou como seu símbolo, mas a cor tem sido menos usada, principalmente no final da campanha -o roxo, mais "nobre", ganhou espaço.
Os candidatos trabalhistas também foram orientados por estrategistas a adotar um visual mais conservador. Mulheres, por exemplo, devem evitar brincos grandes e manter os cabelos presos.

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