São Paulo, domingo, 27 de abril de 1997
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Guerrilheiros podem ir para vala comum

IGOR GIELOW
DO ENVIADO ESPECIAL A LIMA

A Defensoria Pública do Peru afirmou que vai pedir a exumação dos corpos de 12 guerrilheiros do Movimento Revolucionário Tupac Amaru caso eles sejam enterrados em vala comum.
"Isso não é correto. Temos de garantir o direito das famílias de dar um enterro a seus parentes", afirmou a defensora Susana Silva.
Oficialmente, os outros 12 estavam, até a noite de sexta-feira, nas geladeiras do necrotério do Hospital da Polícia Nacional. A pessoa de plantão no hospital afirmou que eles deveriam ser enterrados em uma vala comum se não fossem reclamados pelos parentes.
Pelo menos um dos membros do MRTA, a guerrilheira Luz Dina Villosvada Rodríguez, conhecida como "La Gringa", teve seu corpo procurado por um irmão.
Mas ele não pôde retirá-lo na quinta-feira porque o hospital alegou demora na confecção do atestado de óbito devido aos documentos falsos que ela portava.
Ao mesmo tempo, a Defensoria Pública recebeu denúncias de que os corpos podem já ter sido enterrados em covas de três cemitérios separados nas regiões periféricas de Lima.
Cerpa
Néstor Cerpa Cartolini, líder do MRTA na operação, foi enterrado na noite de quinta-feira com muita confusão.
Sua família fora avisada, após pagar US$ 80 para liberar o corpo, que o enterro seria no cemitério de Chorillos.
O governo enviou o cadáver para outro cemitério, em um episódio ainda mal explicado. Depois de muita confusão e protestos dos familiares, o enterro acabou acontecendo no cemitério Virgem de Lourdes, em Villa María del Triunfo, um bairro pobre na região sul de Lima.
Ontem, cinco parentes de Cerpa foram ao local e colocaram junto à sepultura flores e uma cruz com seu nome.
"Nos invadem a dor, a tristeza, a raiva pelas circunstâncias que todos conhecemos. Seus restos estão em um lugar popular, com o povo com o qual e pelo qual ele viveu", disse um padre levado pelos familiares.
O outro "emerretista" já enterrado é o adjunto de Cerpa na operação, Roli Rojas Fernández -conhecido como "El Árabe".
Seu enterro ocorreu sem incidentes. Os familiares fizeram protestos contra a operação militar.

Texto Anterior: Saída militar fortalece rivais no Peru
Próximo Texto: Fujimori oferece "know-how" peruano
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.