São Paulo, domingo, 27 de abril de 1997
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Fujimori oferece "know-how" peruano

DA "REUTER"

O governo do Peru não recebeu nenhum tipo de ajuda externa para acabar com a ação dos guerrilheiros marxistas e está pronto para oferecer conselhos a governos que se depararem com crises semelhantes.
A declaração é do presidente Alberto Fujimori. "Não houve ajuda americana, britânica, israelense ou japonesa. Nenhuma. Pelo contrário, no futuro nós podemos dar esse tipo de apoio."
Recontando detalhes -os que podem ser revelados- da operação, ele disse que seu maior orgulho na "solução imaginosa" foi o fato de ela ser uma obra inteiramente local. "Foi um golpe nocauteador da tecnologia 'criolla', como dizemos no Peru."
Ele se recusa a revelar como as forças de segurança colocaram na casa microfones, equipamentos de espionagem e aparelhos que ajudaram a avisar os reféns do momento da invasão. Diz apenas que foram elementos-chave "quatro periscópios ultraleves" que saíam dos túneis construídos sob a casa.
"Um dos túneis tem uma boca de sete metros de profundidade. Havia um sistema completo de escadas com cordas", disse.
Os túneis foram inspirados pela arquitetura "brilhante" do complexo arqueológico de Chavín de Huantar, no norte do Peru. Ele diz que teve a idéia de dar esse nome à operação no meio de uma noite.
Oito semanas
Os túneis foram construídos ao longo de oito semanas. O barulho era abafado por hinos marciais vindos de alto-falantes colocados do lado de fora da casa -a justificativa inicial era irritar os sequestradores.
Os túneis eram espaçosos, iluminados e acarpetados, conforme imagens exibidas pela TV peruana. Neles, as tropas que invadiram a casa esperaram a ordem de atacar por mais de um dia.
Acompanhado por militares vestindo máscaras negras, Fujimori foi exibido pela TV América andando pelos túneis e inspecionando mapas da casa do embaixador japonês e do complexo de túneis.
Especialistas em mineração foram recrutados na região dos Andes para ajudar na escavação, de acordo com o jornal "Expreso". Dois deles teriam morrido soterrados quando parte de um túnel desabou.

Texto Anterior: Guerrilheiros podem ir para vala comum
Próximo Texto: Macau aposta em conexão com o Brasil
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.