São Paulo, sexta-feira, 2 de maio de 1997 |
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Direção do PT julga crise entre Buaiz e deputados capixabas Parlamentares criticam governador e pedem sua expulsão CLÓVIS ROSSI
O acusado chama-se Vitor Buaiz e é governador do Espírito Santo, um dos dois únicos que o PT elegeu em 1994 (o outro é Cristovam Buarque, do Distrito Federal). Todos os quatro deputados estaduais do PT capixaba pedem a expulsão de Buaiz, acusado de praticar "políticas neoliberais", uma ofensa grave no código petista. Mas o episódio está longe de circunscrever-se ao Espírito Santo. Desde que começou a ocupar fatias de poder, nas prefeituras, o conflito entre o partido e os administradores por ele eleitos tem sido permanente fonte de cisões. Buaiz se defende alegando que nem o PT nem a esquerda elaboraram projetos alternativos de reforma do Estado. Logo, "se não definiu o que quer, o partido não pode punir o governador". Mais: "Não adianta falar de políticas sociais se não tenho dinheiro sequer para pagar o funcionalismo". De fato, o governador está, outra vez, atrasado no pagamento dos salários, agora em dois meses. Além de se defender, Buaiz contra-ataca: diz que tanto os deputados petistas como o movimento sindical do funcionalismo público (que pediu seu impeachment) "baixaram o nível da discussão". Se depender só da cúpula nacional do partido, o "tribunal" deste fim-de-semana terminará sem condenações. Primeiro, porque não parece haver maioria a favor da expulsão de Buaiz. Segundo, porque não é atribuição do Diretório Nacional tomar tal decisão (caberia ao encontro nacional). Mas, de todo modo, a avaliação de José Dirceu, o presidente nacional, indica o tamanho das dificuldades do PT. Dirceu acha que seria extremamente negativo para o partido expulsar Buaiz. "Passaria a imagem de que, quando enfrenta um osso duro de roer, como governar um Estado falido, o PT busca o caminho mais fácil, o de pôr para fora o governador." Mas também acha que Buaiz tem de mudar a composição do governo e a sua forma de atuar, para aproximar-se mais do PT estadual. Fácil de falar, quase impossível de fazer. Buaiz conta que conseguiu maioria na Assembléia, mas à custa de uma composição com outros partidos, já que todos os deputados petistas são de oposição. Recompor-se com os parlamentares do PT implicaria um conflito com seus novos aliados. Resumo da situação que entra sábado na pauta do Diretório Nacional: "É o pior dos mundos", diz Dirceu. Texto Anterior: Secretário de Santa Catarina deve se explicar, diz senador Próximo Texto: Rennó deve sair depois de lei regulamentar fim do monopólio Índice |
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